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    A Toda Prova
    Críticas AdoroCinema
    1,0
    Muito ruim
    A Toda Prova

    As aparências enganam

    por Roberto Cunha

    O espectador que costuma escolher o filme que irá assistir, baseado nos nomes ligados a ele não teria dúvidas diante de A Toda Prova. Afinal, ele é dirigido por Steven Soderbergh (trilogia Onze Homens e Um Segredo) e estrelado por ninguém menos do que Michael Douglas, Antonio Banderas, Ewan McGregor (todos consagrados) e ainda Michael Fassbender, um nome que não para de crescer. Ou seja, motivos não faltam para se imaginar diante de um provável sucesso, mas as aparências enganam.

    Soderbergh parece ter pegado uma carona no sucesso dos combates reais de artes marciais, o conhecido MMA (Mixed Martial Arts) e suas lutas (o UFC é uma delas), e convocou a lutadora americana Gina Carano (invicta por sete lutas) para a ficção em um filme de ação. Estreando no cinema, ela interpreta Mallory Kane, agente de uma organização especializada em resgatar reféns, que é uma verdadeira fera no cumprimento de suas missões: "Eu gosto de fazer o serviço completo", disse, depois de dar bordoadas em um vilão. Só que Mallory descobre uma conspiração para eliminá-la, desconfia de um "casinho de amor" mal resolvido, mas precisa mesmo é virar esse jogo.

    Com uma narrativa um pouco truncada (tem vai e volta no tempo), esse roteiro se revela ainda mais fraco quando, aliado de uma fotografia meio amarelada, a câmera meio nervosa não combina com as sequências longas de tiros e pancadaria sem a presença de som. Isso mesmo que você ouviu, quer dizer, leu. Tiveram a brilhante ideia de misturar "estilos" e apresentaram sequências de ação com pouco som ou quase nenhum, evidenciados por tiros silenciosos e/ou abafados ou socos "mudos". Pode ser até que você curta a experiência, mas o mais provável é que ache o resultado enfadonho, no ritmo de uma trilha típica de espiões, que não acrescenta nada ao resultado final.

    Da série coisas que poderiam ser evitadas, a luta na praia com o personagem de McGregor é sofrível e os sopapos trocados com os policiais também não ficam longe. De resto, além das participações de Bill Paxton e Channing Tatum, prepare-se para ver algumas cenas de luta com coreografia boa (nada exuberante), assim como fugas (de carro ou a pé) igualmente boas, mas meio forçadas. Essa percepção só aumenta quando o conjunto da obra contribui para esse tipo de olhar. Quem é iniciado no gênero vai entender o porquê de tantas ressalvas. Mas é aquilo. A "moça" dura na queda ("Não trabalho de vestido!") e dura de matar ("É melhor fugir mesmo!") improvisa a todo momento e manda ver no repertório de golpes.

    Assim com Carano perdeu a invencibilidade nos ringues, nocauteada pela brasileira Cristiane "Cyborg" Santos, não é difícil que o espectador brasileiro, mesmo os que curtem filmes de ação, possam dar um nocaute nessa produção. Aliás, a frase do personagem de Banderas no fim do filme ("Oh shit!") é profética e dispensa traduções. Resumindo, se o cineasta beijou a lona com o fraco e recente Contágio (2011), é provável que ocorra o mesmo com A Toda Prova, cuja reprovação já ocorreu lá fora e aqui é iminente.

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