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    Rock of Ages - O Filme
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Rock of Ages - O Filme

    Viagem no rock farofa

    por Roberto Cunha

    Não é de hoje que musicais da Broadway são sinônimo de sucesso e a migração de alguns espetáculos para o cinema já deram super certo. Filmes como Hair (1979) e Chicago (2002) comprovam essa teoria. Por outro lado, muita gente ainda resiste, não assimilando de jeito nenhum o formato e a linguagem, que usa e abusa dos diálogos inseridos nas músicas. Se questão de gosto, tudo bem. Se preconceito, uma pena porque muitas dessas produções ficam interessantes na sala escura. "Rock of Ages" nos palcos tornou-se um grande fenômeno de vendas e uma das razões, certamente, está na história contada através de grandes hits do pop rock dos anos 80/90, com letras que fizeram a cabeça de muita gente nos Estados Unidos e mundo afora.

    O roteiro de Rock of Ages - O Filme foi escrito por Justin Theroux (Homem de Ferro 2) e Chris D'Arienzo, autor do livro que deu origem ao espetáculo, e a direção coube a Adam Shankman, do bem sucedido Hairspray - Em Busca da Fama (2007). O resultado é uma comédia leve de história bem simples, bobinha mesmo, que fala sobre uma jovem (Julianne Hough) do interior, apaixonada por música, que vem tentar a sorte na cidade grande. Ela conhece um jovem cantor (Diego Boneta) que trabalha num tradicional reduto do rock de Los Angeles. O lugar anda mal das pernas, é tocado por Dennis Dupree (Alec Baldwin) e receber o polêmico astro Stacee Jaxx (Tom Cruise) para um show pode significar sua salvação. Mas a mulher do Prefeito, interpretada por Catherine Zeta-Jones, pretende acabar com a promiscuidade do rock na região conhecida como Sunset Strip.

    Dito isso, você vai "ouvir" essa história a partir de músicas muiiiito tocadas nas rádios. A primeira delas, "Sister Christian" do Night Ranger, nem é muito conhecida por aqui e cantada dentro de um buzão pelos passageiros e pela protagonista (bonita, mas de voz fraquinha) é um péssimo cartão de visitas. O que salva é que rapidamente emenda com "Just Like Paradise" (David Lee Roth) e ainda "Nothin' But A Good Time", do Poison. Aliás, essa ideia de "mixar" uma música na outra funcionou e as constantes transições para pontuar os conflitos e diálogos dos personagens é um trunfo do filme. Aconteceu com "More Than Words" (Extreme) e "Heaven" (Warrant), e numa ótima sequência na legendária Tower Records (templo do vinil) com "I Love Rock ‘n' Roll" (Joan Jett) e "Juke Box Hero" (Foreigner), para em seguida ouvirmos "Hit Me With Your Best Shot" (Pat Benatar). Vale lembrar aos desavisados que os sucessos são muitos e sempre cantados pelo elenco. De original, apenas alguns trechos de "No One Like You" do Scorpions e "I Remember You" (Skid Row), entre outras.

    O bom humor é uma constante e é preciso estar de mente aberta para aceitar toda e qualquer tipo de licença neste sentido. Caso contrário, vai ter gente emburrada porque não vê graça no protagonista começar cantar um clássico do Journey como se tivesse escrito para a amada. Agora, quem conseguir se deixar levar pela brincadeira e gostar do pop/glam rock dessa época, não tem como não curtir as brincadeiras. A declaração de amor (e saída do armário) através da providencial "Can't Fight This Feeling", do REO Speedwagon é uma delas. Só vendo/ouvindo para crer. E se divertir. A enfiada de língua do personagem de Malin Akerman na orelha de Jaxx (Cruise) é de dar inveja ao baixista Gene Simmons, do Kiss. Fosse esse longa um arrasa-quarteirão poderia ficar tão famosa quanto a (safada) cruzada de pernas de Sharon Stone em Instinto Selvagem. O "duelo" musical entre "We Built This City" (Starship) e "We're Not Gonna Take It" (Twisted Sister) também merece ser citado.

    Da série coisas que poderiam ficar de fora, o macaco Hey Man é uma grande idiotice. Em contrapartida, destaque para Sebastian Bach (Skid Row), Nuno Bettencourt (Extreme) e Kevin Cronin (REO Speewagon), fazendo pontas, além de Cruise que, gostem ou não os detratores, rouba a cena na pele de roqueiro escravo do rock e do sexo. Na boa, tem música até do Whitesnake e os créditos finais são ao som de "Cum On Feel The Noize", clássico do Slade e Quiot Riot. Lembrou? Se a resposta é sim, deixe de lado a crítica de quem não entende chongas de música e garanta seu ingresso, mesmo que o filme não tenha ido bem lá fora. Afinal, gosto não se discute e música se ouve. Aumenta que isso aí é roquenrou farofa da melhor qualidade! ;)

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