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    As Viagens de Gulliver
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    As Viagens de Gulliver

    A MENTIRA TEM PERNAS CURTAS

    por Roberto Cunha

    Hollywood anda carente de ideias há tempos e por isso, o que não faltam são produções adaptando algo conhecido ou, pior ainda, as "quase sempre" malditas refilmagens. Baseado no famoso livro de Jonathan Swift, esta nova aventura – atualizada - não é a primeira que bebe na fonte e, provavelmente, não será a última.

    Com uma abertura bem bolada, inserindo os créditos iniciais em sequências que parecem brinquedos, a história começa com Lemuel Gulliver (Jack Black) como um cara que ocupa uma função menor num jornal de Manhattan, disposto a se passar por alguém com maior capacidade. Para impressionar a editora Darcy (Amanda Peet), por quem é apaixonado, ele aceita a missão de fazer uma matéria sobre o Triângulo das Bermudas e acaba parando em Liliput, um lugar onde todos são pequeninos, palco de uma grande aventura.

    Sob o pretexto de vender a ideia de que mentir, principalmente, para si mesmo é sempre a pior mentira (já dizia a música de Renato Russo), o roteiro vai costurando situações para fazer valer tal conceito. O problema é que mesmo tendo sido escrito pelo roteirista de Shrek, As Viagens de Gulliver não tem o mesmo frescor e ficou faltando "no passaporte" aquele carimbo de qualidade atestada para atingir mais de um público-alvo.

    Para a garotada menos exigente pode dar certo, mas nos momentos que mergulha no universo jovem e adulto, a mistura parece meio perdida. Exibido também em 3D (não vale a pena), o que se vê na sala escura é um filme regular que comete algumas falhas grotescas. Como acontece, por exemplo, com a piada obscena em cima do olhar de espanto da princesa (Emily Blunt) para a “ferramenta” do herói na hora que ele vai apagar um incêndio com xixi. Escatológica e de mau gosto.

    Mas é bem possível que um monte de gente se divirta com alguns momentos um pouco mais inspirados, as citações de cinema e o excesso de licenças criativas, que vão desde o deboche com ícones comerciais da atualidade (Gulliver Klein, gPhone) ou a simples inserção de situações impossíveis. As cenas de ação são bobinhas (é proposital) e acabam mal exploradas.

    Com efeitos especiais apenas interessantes, papéis caricatos em um elenco coeso (destaque para Chris O'Dowd), o primeiro longa com atores dirigido por Rob Letterman (O Espanta Tubarões) tem entre seus atrativos a trilha sonora pra lá de eclética. Ao som de Kiss, Prince, Guns ‘N Roses e Edwin Star, Black brinca nos diálogos e em sequências sonoras e dançantes. E se você acha que ele já fez isso antes, não se enganou, mas qual ator não se repetiu alguma(s) vez(es) na vida?

    Os fãs do Guitar Hero podem até gostar, mas a fixação dele com o jogo chega a ser ofensiva. Se não é merchandising, virou, como tem iPhone, Coca-Cola, entre outros. E assim, a moral da história para o espectador pequeno ou grande, e de qualquer idade, é que a mentira tem pernas curtas, gordinhas e calça tênis All Star. Vai encarar?

    Assista o trailer em As Viagens de Gulliver.

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