Quase mitológico.
O diretor Brett Hatner se tornou reconhecido por ter comandado a trilogia A HORA DO RUSH, muito disso por conta do divertido Jackie Chan e do escandaloso Chris Tucker, mas certamente trata-se de filmes recomendados pela história, boas cenas de ação e muito bom humor. De lá pra cá surgiram boas oportunidades para o cineasta, pois comandou também X-Men - O Confronto Final, Roubo nas Alturas entre outras grandes produções "hollywoodyanas".
Ao assumir este HÉRCULES, Ratner mais uma vez comprova sua sagacidade em buscar variações para seu currículo como diretor. Aqui, embora o personagem que dá título a produção seja o mitológico semideus filho de Zeus, apenas a força descomunal é tratada abertamente no filme, uma vez que as ações e tarefas de Hércules são frutos de lendas sempre citadas ao longo da projeção. Não que isso seja um problema, já que a adaptação buscou referências de HQ's, não diretamente da mitologia grega. E isso torna-se um trunfo do roteiro, uma vez que tudo tenta ser menos escatológico, mas sem deixar de dar destaque para o protagonista diferenciado-o como tal.
Grande parte do mérito do filme está no ator protagonista, o gigante Dwayne Johnson, que carrega nas costas a graça da produção. Já que, carismático como sempre, faz o filme ser ainda mais interessante, pois está longe de ser apenas um ator robótico anabolizado, como nosso querido Schwarzenegger. A brincadeira aqui começa com Hércules finalizando seus 12 trabalhos e, após perder tragicamente sua família, se junta a 4 guerreiros para liderar um grupo de mercenários que busca qualquer tarefa que lhes renda ouro e comida farta. Nesse mote são contratados pelo Lord Cotys para acabar com a tirania de um suposto feiticeiro, mas as idas e vindas acabam mostrando que nem tudo parece ser o que dizem.
Embora o roteiro não forneça muito para ficar na lembrança, o grupo de mercenários são divertidos mesmo quando entram em ação, da séria Atalanta e seu arco multifunções ao super engraçado Amphiarus (Ian McShane) que, agindo como suposto vidente prevê coisas que nunca se realizam, mas seus diálogos são divertidos e parecem sair no improviso, mérito da experiência como ator.
No quesito efeitos visuais o filme é comedido, pois são poucos os momentos em que o diretor precisa fazer uso de CGI para compor cenas, salvo aquelas que possuem monstros, já que não há outra alternativa. Isso acaba se tornando eficaz, pois as batalhas tornam-se mais funcionais por tirar proveito do elenco e figurantes. Por falar em batalha, o diretor ainda precisa se capacitar neste quesito, pois percebe-se uma certa dificuldade em tratar multidões, deixando o resultado por vezes confuso, principalmente por ofuscar violência e sangue mas mostrar cabeças apodrecendo presas em estacas, algo que se afasta do sentido óbvio. Talvez com o tempo ele consiga proezas como Ridley Scott e Wolfgang Petersen nessa área.
HÉRCULES é um filme divertido, com boas cenas de ação sem soar escatológico, ainda que tenha um suposto semideus como protagonista, o roteiro aproveita a ideia sem exageros, criando uma história aceitável com bons momentos. Dwayne Jonhson mostra mais uma vez que o cinema será sua casa fora dos ringues, com boa presença em cena e carisma. É um filme interessante para os amantes de filmes épicos e para quem busca diversão descompromissada. RECOMENDO!
Obs.: Assistir aos créditos mostra divertidas revelações sobre as 12 tarefas de Hércules.