Eu havia feito uma promessa de que não voltaria mais a ver filmes de guerra norte-americanos devido ao grande número de filmes deste gênero lançados nos últimos anos. Entretanto, qualquer projeto que conte com os já consagrados Mark Wahlberg e Eric Bana, somados aos promissores Ben Foster, Emile Hirsch e Taylor Kitsch, não poderia ser ignorado. Minha última dúvida era quanto ao irregular diretor Peter Berg (“Hancock”, “Battleship”, “O Reino”). Foi o próprio diretor quem adaptou o livro que conta a história de sobrevivência do soldado Marcus Luttrell, durante uma missão má sucedida no Afeganistão.
O Grande Herói é um filme sobre sacrifício, coragem e patriotismo, expressado sem muita sofisticação, mas intencionalmente visceral e regido à “mão pesada” de Berg. O prólogo mostra algumas cenas reais de treinamentos dos soldados, sendo testados até atingirem seu limite físico e psicológico, lembrando até um “Tropa de Elite” com mais grife. Não há dúvidas que o grande momento do filme está nas cenas de batalha, com realismo impressionante, colocando o espectador “dentro” da guerra, em momentos absolutamente tensos, auxiliados por um excelente trabalho de efeitos especiais e mixagem de som (aliás, o filme foi indicado ao Oscar em 2 categorias de Som). As cenas de batalha são tão bem feitas que eu arrisco a dizer que foram as que mais se aproximaram do consagradíssimo “O Resgate do Soldado Ryan”, de Steven Spielberg.
Mas nem tudo são elogios nesta obra. Geralmente em biografias, é comum cometer certos tipos de hipérboles, a fim de tornar a trama mais interessante ou comovente, dependendo do objetivo do projeto. Aqui temos a impressão de que Berg, não contente em narrar a trama de forma plausível, fez de tudo e mais um pouco para transformar seus bravos guerreiros em “mártires”, aplicando sobre eles um castigo fora do comum, manipulando o espectador a sentir-se sensibilizado, como se a própria trama e a situação em si já não o fizessem.
Apesar de sua falta de coesão narrativa, é um filme recomendável, principalmente para ser visto no cinema, onde o espectador pode usufruir o máximo que a experiência da guerra tratada neste filme proporciona. Atuações verossímeis, excelente trabalho técnico e de produção. Lhe falta um pouco de sensibilidade, que talvez tenha passado despercebido entre tantos tiros e granadas, mas é um grande passo a frente de Peter Berg, definitivamente um avanço tremendo na carreira do diretor. O Grande Herói é um filme que marca na mente durante algum tempo.