Crítica do filme Não Fale o Mal por Kleber Cabral

Os remakes norte-americanos, como o caso de "Não Fale o Mal" (Speak No Evil), dirigido por James Watkins, estão sempre em alta, mesmo quando são baseados em produções estrangeiras de sucesso. Neste filme, um casal americano residente na Inglaterra se vê em apuros ao ser convidado para passar um final de semana na casa de um casal aparentemente acolhedor na Itália. A trama se desenrola lentamente, criando uma atmosfera de terror psicológico, porém, o remake americano acaba pecando pela falta de autenticidade e originalidade, optando por uma abordagem mais explícita e expositiva, o que acaba diluindo a ambiguidade que tornava o filme original dinamarquês tão intrigante.
Com um elenco de estrelas e um aumento no orçamento de produção, o filme busca capturar a mesma essência sufocante do terror psicológico do original, porém, com menos sutileza e mais violência explícita. Os momentos finais do filme mostram os personagens lidando com a recusa da alteridade e a violência de sair das bolhas culturais e sociais, utilizando a língua como um símbolo potente, tornando a narrativa uma fábula de precaução para adultos. A direção eficaz e as atuações intensas, especialmente a de James McAvoy, contribuem para a tensão crescente e a angústia presente ao longo do filme. No entanto, as diferenças em relação ao original, principalmente no desfecho, podem dividir o público, mas é inegável que o filme consegue entregar uma história envolvente e perturbadora, tornando-se uma boa pedida para os fãs do gênero.