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Depois de anos de instabilidade, incertezas e reboots que nunca pareciam resolver o problema, Superman (2025) chega como uma verdadeira promessa de renascimento para o universo cinematográfico da DC. Mas, mais do que um novo começo, o filme de James Gunn se posiciona como uma resposta direta a tudo que não deu certo anteriormente — um ajuste de rota que mistura reverência ao legado do herói com uma nova abordagem cheia de identidade, otimismo e, principalmente, direção clara. O resultado? Um dos filmes mais equilibrados e carismáticos do gênero nos últimos tempos.
Desde o início, o projeto carregava uma expectativa imensa. Era o filme que abriria oficialmente as portas do novo DCU — agora sob o comando criativo de Gunn e Peter Safran — e o desafio era gigantesco: reconquistar o público, estabelecer um novo tom e provar que ainda é possível fazer cinema de super-herói com frescor, emoção e identidade própria. E é exatamente isso que Superman faz. James Gunn, que já havia provado sua habilidade com equipes improváveis em Guardiões da Galáxia e O Esquadrão Suicida, agora assume um personagem que representa o oposto do caos: o símbolo máximo da esperança.
A escolha de partir para um tom mais leve, luminoso e até mesmo clássico não é acidental. É uma decisão narrativa e estética consciente, que busca resgatar a essência do Superman como ícone do bem, da bondade e da inspiração — características que haviam se perdido na versão mais sombria do personagem nas mãos de Zack Snyder. Aqui, o Superman de David Corenswet é alguém que carrega o peso de ser o elo entre dois mundos, mas que ainda assim olha para a humanidade com amor e admiração. Ele não é um deus distante, mas sim um herói acessível — e é justamente isso que torna sua jornada tão envolvente.
James Gunn constrói o filme com um equilíbrio cuidadoso entre ação, emoção e exposição. O roteiro não se apressa para entregar grandes revelações ou momentos bombásticos logo de cara. Ao contrário: ele vai costurando a mitologia do personagem com calma, apresentando sua rotina, seus dilemas, suas relações e — o mais importante — suas motivações. O arco de Clark Kent/Superman é trabalhado de maneira sensível e respeitosa, com espaço para momentos de introspecção, humor e conflitos morais que reforçam a humanidade do herói. Ao mesmo tempo, o roteiro se permite brincar com o universo ao redor, trazendo outros heróis, vilões e referências que expandem o mundo de maneira orgânica.
A presença de outros personagens, como o Senhor Incrível (Edi Gathegi), Guy Gardner (Nathan Fillion) e Metamorfo (Anthony Carrigan), poderia facilmente sobrecarregar a narrativa — mas Gunn sabe muito bem como balancear esse universo expandido sem tirar o protagonismo do Superman. Cada coadjuvante tem função, propósito e carisma próprio. O filme se aproveita desse "universo compartilhado" como ferramenta de mundo, e não como distração. O resultado é um longa que parece cheio, mas nunca inchado.
A trama se estrutura de forma sólida, guiando o público com segurança pelas diversas camadas do enredo. Há espaço para a mitologia de Krypton, conflitos políticos na Terra, ameaças superpoderosas e — acima de tudo — uma construção de personagem genuína. O Superman aqui não é só força bruta ou símbolo de virtude. Ele sente, hesita, aprende. O filme faz questão de colocar o herói em situações onde não basta ter superpoderes: é preciso empatia, escuta e humanidade. E isso se reflete tanto na forma como Gunn dirige as cenas íntimas quanto nas grandes batalhas.
As cenas de ação, aliás, são um capítulo à parte. Gunn imprime sua criatividade com maestria, fugindo do padrão “explosão por explosão” que assola o gênero. Há um cuidado com os enquadramentos, com a fisicalidade dos personagens e com a construção espacial dos conflitos. Um dos destaques vai para as cenas em Krypton, visualmente impactantes e com efeitos especiais que demonstram a ambição e o capricho técnico do projeto. O CGI aqui é um dos grandes destaques, dignos de menção para as premiações, e mesmo quando não é, o filme sabe como disfarçar essas limitações com direção inteligente e ritmo envolvente.
Ainda assim, o filme não escapa de alguns tropeços. O terceiro ato se estende mais do que deveria e, em alguns momentos, o vilão Lex Luthor (Nicholas Hoult) perde parte da ameaça construída até então, caindo em exageros de atuação e escolhas de roteiro que soam artificiais. Hoult entrega um Lex carismático e imponente, mas o texto às vezes pende para o caricatural, o que quebra um pouco do peso dramático. O mesmo vale para alguns diálogos que, em sua tentativa de equilibrar humor e solenidade, acabam deslizando no tom.
Mas o que sustenta o filme do início ao fim é, sem dúvida, o seu elenco. David Corenswet encarna um Superman com a mesma doçura e autoridade que fizeram de Christopher Reeve um ícone. Sua presença em cena é magnética, e ele consegue expressar força e vulnerabilidade com pequenos gestos, olhares e tons de voz. Rachel Brosnahan como Lois Lane é um acerto absoluto: inteligente, corajosa e espirituosa, ela não é coadjuvante, mas sim uma força que move a trama. A química entre os dois é natural e cativante.
Nathan Fillion como Guy Gardner, Anthony Carrigan como Metamorfo e Edi Gathegi como Senhor Incrível são ótimos reforços ao elenco e cumprem com carisma suas funções dentro do mundo que Gunn quer construir. Gathegi, em especial, rouba a cena em diversos momentos — não à toa, já se fala em um spin-off do personagem. Mesmo com participações mais breves, esses coadjuvantes reforçam a ideia de um universo compartilhado funcional e com potencial de expansão.
A trilha sonora de John Murphy também contribui para o impacto emocional da obra, equilibrando temas clássicos e novas composições com sensibilidade. A música pontua bem os momentos grandiosos, mas sabe quando recuar para deixar o peso dramático falar por si.
Superman (2025) é, em última instância, um filme que entrega exatamente o que prometeu — e talvez até um pouco mais. É uma produção que joga no seguro, sim, mas o faz com tanta competência, coração e clareza de propósito, que fica difícil não se emocionar ou se divertir. James Gunn dá ao público um herói em quem se pode acreditar novamente. Um herói que inspira, que sorri, que luta por justiça e que, acima de tudo, carrega humanidade.
Em um momento em que os filmes de super-heróis enfrentam desgaste e saturação, Superman surge como um respiro necessário — uma história que reconecta o público ao que esse gênero pode ter de melhor. É épico sem ser exagerado, emotivo sem ser piegas, e grandioso sem perder a simplicidade. É entretenimento com propósito. E mais do que isso: é a prova de que, quando se acredita verdadeiramente em um personagem, é possível reconstruir tudo a partir dele.
Desde o início, o projeto carregava uma expectativa imensa. Era o filme que abriria oficialmente as portas do novo DCU — agora sob o comando criativo de Gunn e Peter Safran — e o desafio era gigantesco: reconquistar o público, estabelecer um novo tom e provar que ainda é possível fazer cinema de super-herói com frescor, emoção e identidade própria. E é exatamente isso que Superman faz. James Gunn, que já havia provado sua habilidade com equipes improváveis em Guardiões da Galáxia e O Esquadrão Suicida, agora assume um personagem que representa o oposto do caos: o símbolo máximo da esperança.
A escolha de partir para um tom mais leve, luminoso e até mesmo clássico não é acidental. É uma decisão narrativa e estética consciente, que busca resgatar a essência do Superman como ícone do bem, da bondade e da inspiração — características que haviam se perdido na versão mais sombria do personagem nas mãos de Zack Snyder. Aqui, o Superman de David Corenswet é alguém que carrega o peso de ser o elo entre dois mundos, mas que ainda assim olha para a humanidade com amor e admiração. Ele não é um deus distante, mas sim um herói acessível — e é justamente isso que torna sua jornada tão envolvente.
James Gunn constrói o filme com um equilíbrio cuidadoso entre ação, emoção e exposição. O roteiro não se apressa para entregar grandes revelações ou momentos bombásticos logo de cara. Ao contrário: ele vai costurando a mitologia do personagem com calma, apresentando sua rotina, seus dilemas, suas relações e — o mais importante — suas motivações. O arco de Clark Kent/Superman é trabalhado de maneira sensível e respeitosa, com espaço para momentos de introspecção, humor e conflitos morais que reforçam a humanidade do herói. Ao mesmo tempo, o roteiro se permite brincar com o universo ao redor, trazendo outros heróis, vilões e referências que expandem o mundo de maneira orgânica.
A presença de outros personagens, como o Senhor Incrível (Edi Gathegi), Guy Gardner (Nathan Fillion) e Metamorfo (Anthony Carrigan), poderia facilmente sobrecarregar a narrativa — mas Gunn sabe muito bem como balancear esse universo expandido sem tirar o protagonismo do Superman. Cada coadjuvante tem função, propósito e carisma próprio. O filme se aproveita desse "universo compartilhado" como ferramenta de mundo, e não como distração. O resultado é um longa que parece cheio, mas nunca inchado.
A trama se estrutura de forma sólida, guiando o público com segurança pelas diversas camadas do enredo. Há espaço para a mitologia de Krypton, conflitos políticos na Terra, ameaças superpoderosas e — acima de tudo — uma construção de personagem genuína. O Superman aqui não é só força bruta ou símbolo de virtude. Ele sente, hesita, aprende. O filme faz questão de colocar o herói em situações onde não basta ter superpoderes: é preciso empatia, escuta e humanidade. E isso se reflete tanto na forma como Gunn dirige as cenas íntimas quanto nas grandes batalhas.
As cenas de ação, aliás, são um capítulo à parte. Gunn imprime sua criatividade com maestria, fugindo do padrão “explosão por explosão” que assola o gênero. Há um cuidado com os enquadramentos, com a fisicalidade dos personagens e com a construção espacial dos conflitos. Um dos destaques vai para as cenas em Krypton, visualmente impactantes e com efeitos especiais que demonstram a ambição e o capricho técnico do projeto. O CGI aqui é um dos grandes destaques, dignos de menção para as premiações, e mesmo quando não é, o filme sabe como disfarçar essas limitações com direção inteligente e ritmo envolvente.
Ainda assim, o filme não escapa de alguns tropeços. O terceiro ato se estende mais do que deveria e, em alguns momentos, o vilão Lex Luthor (Nicholas Hoult) perde parte da ameaça construída até então, caindo em exageros de atuação e escolhas de roteiro que soam artificiais. Hoult entrega um Lex carismático e imponente, mas o texto às vezes pende para o caricatural, o que quebra um pouco do peso dramático. O mesmo vale para alguns diálogos que, em sua tentativa de equilibrar humor e solenidade, acabam deslizando no tom.
Mas o que sustenta o filme do início ao fim é, sem dúvida, o seu elenco. David Corenswet encarna um Superman com a mesma doçura e autoridade que fizeram de Christopher Reeve um ícone. Sua presença em cena é magnética, e ele consegue expressar força e vulnerabilidade com pequenos gestos, olhares e tons de voz. Rachel Brosnahan como Lois Lane é um acerto absoluto: inteligente, corajosa e espirituosa, ela não é coadjuvante, mas sim uma força que move a trama. A química entre os dois é natural e cativante.
Nathan Fillion como Guy Gardner, Anthony Carrigan como Metamorfo e Edi Gathegi como Senhor Incrível são ótimos reforços ao elenco e cumprem com carisma suas funções dentro do mundo que Gunn quer construir. Gathegi, em especial, rouba a cena em diversos momentos — não à toa, já se fala em um spin-off do personagem. Mesmo com participações mais breves, esses coadjuvantes reforçam a ideia de um universo compartilhado funcional e com potencial de expansão.
A trilha sonora de John Murphy também contribui para o impacto emocional da obra, equilibrando temas clássicos e novas composições com sensibilidade. A música pontua bem os momentos grandiosos, mas sabe quando recuar para deixar o peso dramático falar por si.
Superman (2025) é, em última instância, um filme que entrega exatamente o que prometeu — e talvez até um pouco mais. É uma produção que joga no seguro, sim, mas o faz com tanta competência, coração e clareza de propósito, que fica difícil não se emocionar ou se divertir. James Gunn dá ao público um herói em quem se pode acreditar novamente. Um herói que inspira, que sorri, que luta por justiça e que, acima de tudo, carrega humanidade.
Em um momento em que os filmes de super-heróis enfrentam desgaste e saturação, Superman surge como um respiro necessário — uma história que reconecta o público ao que esse gênero pode ter de melhor. É épico sem ser exagerado, emotivo sem ser piegas, e grandioso sem perder a simplicidade. É entretenimento com propósito. E mais do que isso: é a prova de que, quando se acredita verdadeiramente em um personagem, é possível reconstruir tudo a partir dele.