O popular programa de reforma de casas que deixou dezenas de pessoas na ruína: “As famílias acabam vendendo”
    Guilherme Rocha
    Guilherme Rocha
    Fã incondicional de reality shows que poucos admitem assistir, novelas clássicas com vilãs que amamos odiar, além de séries que são o auge do entretenimento despreocupado.

    Provavelmente você se lembra de Extreme Makeover, um 'reality' que entregou casas... com uma pegadinha

    ABC

    Certamente, em alguma tarde despretenciosa da sua vida, você parou em um daqueles canais a cabo onde só passam programas de reforma ou busca de casas. Parece que são exibidos sem parar e, além do mais, sempre o mesmo programa, como o dos gêmeos construtores e decoradores – chamado Irmãos à Obra. Caso você já tenha completado trinta anos, talvez se lembre de um mais antigo: Extreme Makeover: Reconstrução Total.

    A particularidade desse programa – que esteve no ar de 2004 a 2012 – é que uma equipe de designers construía casas para pessoas com dificuldades. A casa em questão tinha que ficar pronta em 7 dias e, enquanto executavam a obra, os sortudos proprietários ganhavam férias. Quando voltavam, eram só lágrimas e alegria, mas o que acontecia quando as câmeras paravam de gravar? Aqui está a grande questão.

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    "Toneladas de famílias" com dificuldades econômicas

    O veículo Buzzfeed reuniu diversos relatos de pessoas que se relacionaram de alguma forma com um destes programas de reforma de casas, e vários delas falaram sobre os problemas que o programa Extreme Makeover deixou entre seus participantes.

    "Trabalho para uma das construtoras contratadas para construir as casas em Extreme Makeover: Reconstrução Total. Isso foi há mais de 10 anos, quando o reality show estava no auge de sua popularidade", contou o usuário /dryproperty. "Era uma casa enorme e bonita, construída para uma mãe viúva com vários filhos - o pai havia falecido recentemente, e foi por isso que ela apareceu no programa. Embora a casa tenha sido 'presenteada', depois de cerca de um ano ela não tinha condições de permanecer com a residência."

    Manter uma casa tão grande envolve grandes gastos com luz, água e manutenção. Após morar nela por um ano, a mulher percebeu que não poderia continuar vivendo ali. Isso sem mencionar o principal problema desse tipo de moradia: os altos gastos tributários.

    Outro usuário do Buzzfeed, /itsthedurf, confessou que foi estagiário do programa e que os impostos residenciais fizeram com que “toneladas de famílias” tivessem dificuldades financeiras: “Sim, seus impostos disparam. Muitas famílias acabam vendendo tudo o que têm em casa (computadores, eletrodomésticos, etc.) para ajudar a pagar o IPTU”.

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    Apesar dessa situação triste para alguns dos participantes, há outros que guardam boas recordações. Por exemplo, uma usuária do Reddit chamada jlrogers afirmou que o programa renovou vários prédios de um alojamento para crianças com deficiência administrado por seus sogros: “O reality show fez uma diferença enorme e positiva”.

    Há também quem diga que o que a emissora realmente faz é coordenar uma enorme equipe de vizinhos que se voluntariam para ajudar a família, e que tem um pouco mais a ver com o processo de construção.

    “A comunidade se une, arrecada muito dinheiro, e um empreiteiro geral cobre a maior parte da conta. Muitos voluntários doam tempo, serviços, alimentos, eletrodomésticos, etc., enquanto o empreiteiro e sua equipe trabalham em turnos de 18 horas. Não parecia que a ABC tivesse feito muito além de coordenar uma construção frenética com duração de uma semana – que conseguiu até resistir a um terremoto e a um furacão.”

    *Conteúdo Global AdoroCinema.

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