“Paradise” apresenta uma premissa interessante: um evento catastrófico leva à construção de uma cidade subterrânea no Colorado, destinada a salvar apenas uma parcela da população. A ideia, embora promissora, se perde em uma execução fraca e cheia de tropeços.
A narrativa se alterna entre passado e presente, sempre tentando justificar os acontecimentos com flashbacks que mais enrolam do que aprofundam. Os personagens carecem de qualquer densidade psicológica – até se cria a expectativa de que evoluirão, mas isso nunca acontece. As atuações acompanham esse declínio: começam com alguma energia, mas logo mergulham no lugar-comum, sem carisma ou autenticidade.
O protagonista, que tenta se posicionar como um herói trágico, é na verdade um personagem irritante, egoísta e sem qualquer magnetismo. A tentativa de construir uma trama de investigação envolvendo o assassinato do presidente é pueril e completamente dissociada de qualquer lógica investigativa realista. É como se a série não confiasse na inteligência do público.
A ambientação e o enredo, que poderiam gerar uma distopia instigante, são desperdiçados em cenas mal construídas, diálogos forçados e reviravoltas que não entregam o impacto prometido. Há episódios que geram expectativa de grandes revelações, mas a decepção é constante. Em alguns momentos, chega a ser constrangedor assistir acompanhado de alguém, tamanha a superficialidade de certos trechos.
No fim das contas, “Paradise” é uma série que poderia ser ótima – o material base tinha potencial – mas se perde em uma execução infantilizada, personagens sem alma e uma trama que não convence. Não foi dessa vez.