Atuações Marcantes e Reflexões Contemporâneas
Vinagre de Maçã é uma série que impressiona em diversos aspectos, mas não sem suas falhas. As atuações de Katlyn Denver (Belle) e Alycia Debnam-Carey (Milla) são impecáveis, transmitindo uma gama de emoções que cativam e, ao mesmo tempo, provocam desconforto. É quase impossível assistir sem sentir raiva das escolhas questionáveis das protagonistas, o que reforça a humanidade complexa de seus personagens.
A edição é outro acerto, com uma trilha sonora bem escolhida e uso de câmeras que amplifica a narrativa. No entanto, a montagem tropeça ao tentar manipular as linhas do tempo, resultando em transições que podem confundir o espectador. O maior problema, porém, está no roteiro. Por se basear em uma história real, a série tem limitações para fugir dos eventos verídicos, mas peca na escolha do que abordar. Alguns episódios sofrem com momentos desnecessários, como as repetidas cenas que destacam o narcisismo de Belle. Essa redundância, usada para escalonar a gravidade de seu comportamento, é desnecessária, já que o traço fica evidente logo no início.
O último episódio, por sua vez, acelera o ritmo de forma abrupta, entregando uma resolução que parece superficial e um tanto decepcionante. Outro desafio é a dificuldade em criar empatia pelos personagens. Tanto Belle quanto Milla despertam mais revolta do que conexão, reforçando a ausência de heroínas tradicionais e destacando suas falhas humanas. Enquanto Milla encontra alguma redenção no penúltimo episódio, Belle deixa um gosto amargo de injustiça.
Apesar disso, Vinagre de Maçã brilha ao explorar um tema contemporâneo: a influência das redes sociais e os perigos de permitirmos que personalidades digitais moldem nossas vidas. Com atuações marcantes das protagonistas, uma edição sólida e um roteiro que, embora imperfeito, aborda questões relevantes, a minissérie é uma obra válida e provocadora, que nos alerta para os riscos de um mundo hiperconectado.