Das incontáveis séries que tentam arrancar risos por aí, poucas chegam perto de The Big Bang Theory. E nenhuma, absolutamente nenhuma, acerta tão em cheio quem tem o coração dividido entre Star Wars e artigos da Nature, entre teorias quânticas e piadas autodepreciativas. É, sem sombra de dúvida, a melhor série que já vi na vida e falo isso com a segurança de quem já recalculou essa afirmação várias vezes ao longo dos anos, como um bom cinéfilo faria.
Cada episódio é uma aula de sarcasmo refinado, ironia cirúrgica e nerdice acadêmica em estado bruto. O roteiro não tem medo de fazer piadas com a teoria das cordas, com o modelo padrão da física ou com a complexidade emocional de um engenheiro tentando montar móveis da tokstok. E funciona maravilhosamente bem. Rir de verdade em todas as temporadas, todos os episódios? Quase estatisticamente improvável, mas aqui, acontece.
Os personagens são uma combinação improvável de genialidade socialmente desajustada, ternura mal expressa e egos do tamanho de um colisor de partículas. Todos orbitam em torno uns dos outros com a caótica harmonia de um sistema solar que não deveria funcionar, mas funciona lindissimamente.
O episódio final? Um colapso emocional cuidadosamente calculado. Ri e chorei como se estivesse assistindo à fusão entre a Comic-Con e o Nobel.
E o mais incrível: as participações especiais. Neil deGrasse Tyson, Stephen Hawking, Stan Lee, Elon Musk, George Takei, Wil Wheaton (melhor uso de ex-estrela de sci-fi da história)... A série é praticamente uma convenção nerd de 12 temporadas, só que com roteiro e figurino.
The Big Bang Theory é mais do que comédia. É um retrato exagerado, de toda uma geração que cresceu entre gibis, fórmulas, colecionáveis e memes antes deles se chamarem memes. Uma celebração da inteligência desajustada juvenil, da amizade que resiste às probabilidades estatísticas e do amor que surge entre os gêneros nerds (ou, pelo menos, duas formas de vida compatíveis).
Em resumo, é a melhor série do mundo para quem gosta de nerdices e, com sorte, até para quem acha que não gosta. Porque, no fundo, todo mundo tem um Sheldon interior. Alguns só estão melhor disfarçados.