Vidas Processadas
Média
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Crítica da 1 temporada
3,0
Enviada em 5 de junho de 2025
A Apple TV+ estreia com “Vidas Processadas”, uma série de comédia ambientada em 1969, que chama atenção logo de cara pela paleta de cores vibrantes e a ambientação detalhada do Vale de San Fernando, na Califórnia. Sob a direção de Paul Hunter, que faz sua estreia em séries após uma carreira em videoclipes, e roteiro de Aeysha Carr, a produção traz David Oyelowo como protagonista, interpretando Hampton, um ex-presidiário tentando reconstruir a vida após se envolver com falsificação de cheques e uma gangue local. A série aposta em uma narrativa rápida, com episódios curtos de menos de 30 minutos, que introduzem com agilidade os principais elementos da trama, incluindo a ideia inusitada de uma furadeira auto-afiadora que supostamente pode mudar a sorte do protagonista.

O que mais impressiona em “Vidas Processadas” é a capacidade de transportar o espectador para o final dos anos 60, com um cuidado meticuloso nos cenários, figurinos e objetos, que reforçam o clima nostálgico e tornam o ambiente quase palpável. A série acerta em cenas divertidas e diálogos ágeis, conseguindo construir momentos de leveza e humor inteligente. A influência estética, que remete tanto a Wes Anderson quanto aos irmãos Coen, se manifesta no visual caprichado e na comédia de tom refinado, criando um charme próprio que prende a atenção.

Entretanto, a velocidade com que a trama se desenvolve revela seus maiores problemas. Embora a sensação inicial seja de dinamismo, a série sofre com a falta de aprofundamento em vários arcos narrativos e personagens. O conflito central de Hampton, a necessidade de pagar dívidas com a gangue, é subaproveitado, só ganhando espaço real de forma apressada no episódio final, o que diminui a tensão e o impacto emocional. Da mesma forma, a furadeira que surge como um elemento-chave no roteiro acaba servindo apenas como um artifício para gerar problemas futuros, sem o desenvolvimento esperado que poderia dar mais substância à história. Essa sensação de “introduzir para não desenvolver” permeia a narrativa, deixando pontas soltas e uma falta de conexão mais profunda com o espectador.

David Oyelowo se destaca como a âncora da série, carregando o personagem Hampton com carisma e energia, sustentando os altos e baixos do roteiro. Simone Missick, como a esposa de Hampton, oferece uma atuação sólida que dialoga bem com a de Oyelowo, tornando-se a coadjuvante mais expressiva do elenco. Já os filhos, interpretados por Evan Ellison e Jahi Di'Allo Winston, ficam muito aquém do esperado: com pouco tempo de tela e desenvolvimento superficial, especialmente Winston, que mesmo em cenas de destaque não consegue transmitir a profundidade necessária, comprometendo a dinâmica familiar que poderia enriquecer a série.

No balanço final, “Vidas Processadas” é um produto que encanta visualmente e diverte em diversos momentos graças ao talento de seu protagonista e ao cuidado estético que o cerca. No entanto, a falta de consistência narrativa e de desenvolvimento de personagens limita seu potencial, fazendo com que a série perca força conforme avança. O ritmo apressado e a ausência de um clímax verdadeiramente impactante contribuem para que a experiência fique aquém do que poderia ser uma comédia memorável ambientada em uma época tão rica culturalmente. Para quem busca uma produção leve, com bons momentos e atmosfera envolvente, pode valer a pena, mas o conjunto deixa um gostinho de oportunidade perdida.