⚠ TEM SPOILERS ⚠
The Walking Dead: Daryl Dixon - The Book of Carol (2ª Temporada) 2024
Como um eterno fã de "The Walking Dead" eu achei sensacional a ideia de após o término da série original serem introduzidos novos spin-offs derivados de vários personagens desse universo, já que estávamos órfãos. Esta foi a aposta em "Dead City", "The Ones Who Live" e "Daryl Dixon" (apesar de já existir a série "Fear the Walking Dead").
A primeira temporada de "Daryl Dixon" eu achei interessante e bastante promissora, apesar que em sua grande maioria dos episódios necessariamente não construir um derivado da série principal e soar como uma continuação nos mesmos moldes. Ainda assim eu achei a série funcional dentro do que se propôs, que era expandir o universo do personagem em um outro país, com novos povos, uma nova língua e uma nova variação dos zumbis. Diante desse contexto eu vi que a série tinha potencial, até por focar na continuação da história de um dos principais personagens do universo de "The Walking Dead" - Daryl Dixon.
Diante daquele contato pelo rádio durante uma cena de flashback no final da primeira temporada, obviamente sabíamos que na segunda temporada teríamos a adição da icônica Carol Peletier (Melissa McBride), que retornaria para o universo de "The Walking Dead". Carol é simplesmente uma das personagens mais amadas (se não for a principal) de todo o universo de "The Walking Dead". A lendária Melissa McBride esteve presente em todas as temporadas de "The Walking Dead", onde inicialmente foi apresentada como uma mulher vulnerável, submissa, que sofria com os maus-tratos do marido e depois com dor da perda de sua filha Sophia (Madison Lintz). Diante desse início na série, eu afirmo que a Carol foi a personagem que mais evoluiu e se desenvolveu dentro desse universo, se tornando uma autêntica badass exterminadora de zumbis do mais alto nível, que é exatamente como a conhecemos hoje.
A temporada começa exatamente de onde parou a anterior, onde temos um Daryl indeciso e pensativo sobre a sua decisão em permanecer na França para ajudar na missão em proteger o jovem Laurent (Louis Puech Scigliuzzi) para conseguir o seu retorno para os EUA. Dessa vez Daryl, junto com a Isabelle (Clémence Poésy), é confrontado pela supervisão de Losang (Joel de la Fuente), quando decidem se arriscarem em uma nova missão de resgate. Por outro lado Carol, que ainda está nos EUA, luta para descobrir o paradeiro de seu inseparável amigo Daryl.
Carol já chega na série no seu estilo que já conhecemos (e estávamos com saudades), se impondo como a badass que sempre foi para conseguir o que sempre deseja. E aqui eu já preciso destacar a cena da Carol chegando na frente da porta daquele celeiro, que imediatamente na hora eu já me lembre da icônica cena da Sophia saindo do celeiro na segunda temporada de "The Walking Dead", e não deu outra, tivemos exatamente este flashback como lembranças da Carol. Esta cena da Sophia na série principal é lendária, é icônica, é emblemática, e na minha minha opinião é a cena mais marcante de todo o universo de "The Walking Dead", e obviamente a minha cena preferida de toda a história dessa série.
Por outro lado eu preciso mencionar que esta desculpa que a Carol inventou para convencer o Ash (Manish Dayal) a levá-la até a França é bem questionável, pra não dizer inteiramente ruim. Eu entendo que a Carol também tem esse perfil de manipuladora para conseguir o que sempre quer, mesmo passando por cima de pessoas e sentimentos, e aqui eu vi exatamente este ponto, que é a Carol se aproveitando do sentimento de dor e luto pela perda do Avi, o filho do Ash, para conseguir que ele a levasse até a França sobre a desculpa de procurar a sua filha Sophia, que todos nós sabemos que estava morta há muitos anos. Esta questão pode parecer normal para muitas pessoas, que podem até não ligarem para este contexto, mas no meu caso eu não achei legal.
Um ponto que nunca podemos levar em consideração quando estamos falando do universo de "The Walking Dead" é a verossimilhança nos acontecimentos, que é justamente o que acontece aqui. Pois toda essa conveniência da Carol em achar justamente um sobrevivente que aidna possui um avião dentro desse cenário pós-apocalíptico depois de tantos anos. Mais incrível aidna é o fato do avião estar funcionando perfeitamente para conseguir fazer uma viagem dos EUA até a França dentro daquelas condições, que sim, tem até um defeito que os obriga a fazer um pouso forçado na Groelândia, que por sinal rende até umas cenas interessantes. Sem falar também na outra conveniência da Carol em buscar sozinha o paradeiro do Daryl em um outro país completamente gigante e inicialmente sem nenhuma informação do seu paradeiro, e aqui eu nem estou levando em consideração a dificuldade do idioma. Porém são coisas que realmente temos que ignorar em prol do entretenimento.
Nesse ponto a série se dividi em dois núcleos; a Carol lutando para encontrar o Daryl e a parte do Ninho que envolve o questionável Losang. Este núcleo que envolve toda a história em volta do Ninho é vaga, rasa e completamente descartável, passando por discussões superficiais sobre fanatismo e diferença de classes, onde envolve até uma morte precoce para tentar impactar o espectador. No mais este núcleo é bem chato e desinteressante, pois chega a ser maçante acompanhar toda a trama do Losang (que por sinal é um personagem muito ruim) e seu culto caçando o Laurent.
No quarto episódio temos finalmente o reencontro da Carol com o Daryl, mas por outro lado temos a morte da Isabelle, uma personagem que eu gostava desde a primeira temporada e que tinha um potencial dentro da série. Aqui eu já acho que esta morte entra no mesmo critério que estamos acostumados dentro do universo de "The Walking Dead". Ou seja, sempre colocar uma morte de um personagem principal para tentar gerar, ou criar, um impacto no espectador, mas que no fim não funciona como esperavam. Nada mais do que "The Walking Dead" sendo "The Walking Dead", e infelizmente eu já estou acostumado com estas decisões sempre questionáveis dos roteiristas.
No mais a série continua no caminho dos embates com uma nova facção de sobreviventes do Ninho na caçada ao Laurent. Já o Daryl luta com suas crises existenciais para se perdoar, enquanto a Carol finalmente conta toda a verdade para o Ash. Obviamente o Ash fica indignado com a Carol por ela ter simplesmente o manipulado para conseguir o que queria, e não era pra menos, pra mim a Carol se aproveitou de um sentimento de luto e dor do Ash em prol dos seus desejos próprios.
E por fim chegamos no último episódio dessa segunda temporada; onde temos toda a estratégia de fuga de avião da França, onde o Ash consegue levantar voo diante daquele confronto entre os lados e proteger o Laurent. A ideia inicial era que a Carol partisse junto com o Ash e o Laurent de avião, porém ela pula do avião para protegê-los durante a partida, sendo assim ela fica junto com o Daryl. A parte final do episódio é bem intrigante e questionável, onde temos a sequência de cenas no túnel com zumbis bioluminescentes e alucinações causadas por fezes de morcegos. Diante deste cenário temos alucinações da Carol revendo, mais uma vez, a sua filha Sophia, e o Daryl também revendo a Isabelle. E assim termina o episódio nos deixando com várias dúvidas e vários questionamentos acerca da próxima temporada.
O elenco da série se resume exclusivamente no Norman Reedus e na Melissa McBride. Um ponto interessante dessa dupla é justamente o fato de termos somente uma dupla de velhos amigos e não um casal, como a série adora fazer com outros personagens, e que na maioria das vezes acaba não dando certo. Dessa forma a química e a sintonia entre eles é muito notável e funciona em perfeita harmonia dentro da série, praticamente um completa o pensamento e as atitudes do outro. Norman entrega o faz de melhor na pele do lendário Daryl Dixon, a verdadeira personificação do personagem, a imortalização do personagem - incrível!
Já adição da Melissa foi certeira, pois ela compõe uma personagem forte, destemida, hábil, persuasiva, manipuladora, enfrentando tudo e todos que se opuser em seu caminho. Sem nenhuma dúvida o Norman Reedus a Melissa McBride compõem a melhor dupla (que não é um casal) de todo o universo de "The Walking Dead".
Completando o elenco temos a ótima Clémence Poésy; uma personagem que eu gosto na série, que na primeira temporada foi a responsável em trazer um novo frescor para a série e para o personagem do Norman Reedus. Nesta segunda temporada ela estava seguindo a mesma linha da primeira e estava indo bem, e eu gostaria que ela estivesse ficado na série ao lado do Daryl, mas infelizmente ela foi a escolhida do roteiro para fazer a famigerada "morte impactante" da temporada.
O jovem ator Louis Puech Scigliuzzi trouxe um personagem que eu questionei bastante na primeira temporada, até por de fato não entender as suas reais motivações dentro da série, o seu verdadeiro objetivo que não fosse ser somente o jovem Messias destinado a guiar a humanidade para uma renovação. De fato ele continua como um personagem vago, vazio, superficial, que não avança em nada, porém pelo menos ele não está muito chato como na primeira temporada.
O ator Manish Dayal traz um personagem que soa até como interessante inicialmente, que é justamente aquele personagem mais cru, mais seco, mais carregado emocionalmente e dramaticamente, que funciona dentro da proposta do roteiro, por mais que esta sua proposta seja um tanto quanto questionável.
O restante do elenco se completa com personagens vagos e bem desinteressantes que não valem a pena serem destacados.
Tecnicamente a temporada anda na mesma linha da anterior, ou seja, um verdadeiro show à parte. Nesse quesito o universo de "The Walking Dead" sempre foi referência, sempre nos entregou trabalhos absurdamente bem feitos. Novamente contamos com nomes como Angela Kang, Scott M. Gimple e Greg Nicotero, o que são sinônimos de excelência do mais alto nível. Ou seja, o desenvolvimento e produção da temporada é muito bem feito, muito bem trabalhado, muito bem arquitetado, onde novamente temos uma excelente ambientação calçada com uma direção de arte com cenários incríveis, que são o verdadeiro contraponto desse universo pós-apocalíptico. Outra referência do universo de "The Walking Dead" sempre foram a construção dos zumbis, que aqui estão ótimos, como aquelas variações dos zumbis mais violentos quando são afetados por aquela espécie de dardos com substância, uma espécie de mutação ainda mais forte. Sem falar nos zumbis que apareceram enterrados na Groelândia e nos zumbis bioluminescentes que apareceram no túnel no final da temporada.
Continuando temos uma fotografia perfeita, onde casava muito bem com cada cena e seus acontecimentos. A trilha sonora também anda no mesmo ritmo, assim como a edição e direção de cada episódio.
Sobre a continuação da série:
Sim, haverá uma terceira temporada de "The Walking Dead: Daryl Dixon". A série foi renovada para a terceira temporada e a previsão é que ela estreie ainda em 2025. Já existe um teaser disponível para o público, que mostra o início da jornada de Daryl e Carol na Espanha (bem curioso por sinal).
Por fim:
A segunda temporada da série ganha um elemento que é de longe a principal motivação dessa temporada, que é justamente a adição da incrível Melissa McBride. A adição da Carol foi uma decisão muito acertada, e justamente por ela ser a melhor amiga do Daryl e assim poder junto dele dividir todo o protagonismo da série. A segunda temporada ganhou muito com a presença da Carol, pois assim ele reviveu uma dupla emblemática do universo de "The Walking Dead", que juntos construíram cenas impactantes com bastante química e sintonia. Sem falar que o roteiro aidna trouxe arcos pessoais de ambos os personagens que remexeu em suas feridas do passado, o que os obrigavam a enfrentar os seus medos e seus traumas.
A temporada também melhora nos embates, na violência dos ataques e nas mortes, que é também um ponto que merece destaque pela chegada da Carol na série, que junto do Daryl construíram aquela velha dupla de exterminadores de zumbis que tanto amamos dentro desse universo.
Já por outro lado o desenvolvimento das partes iniciais (principalmente dos primeiros episódios) é muito ruim, pois aquele núcleo que envolve o Ninho junto com o Losang é muito ruim, chegando a ser maçante e desinteressante de acompanhar. Especificamente falando dessa parte na temporada, eu acho que aqui é o ponto que mais destoa na série, pois temos um núcleo confuso, genérico, superficial em torno do apático Laurent, que acaba trazendo um tom mais sentimental e mais melodramático, do que de propriamente aquela ação misturada com um terror, que de certa forma é a grande marca desse universo.
Porém, ainda assim a temporada se sobressai em comparação com a primeira, e muito disso se deve exclusivamente a entrada da Carol na série.
Agora é aguardar o que a terceira temporada estará preparando para nós, visto que já temos informações que a série se expandirá para novos países como Inglaterra e Espanha. É praticamente uma turnê mundial da Carol Peletier e do Daryl Dixon.
- 25/05/2025