Splinter Cell: Deathwatch
Críticas dos usuários
Críticas da imprensa
Média
3,1
1 nota

2 Críticas do usuário

5
0 crítica
4
1 crítica
3
1 crítica
2
0 crítica
1
0 crítica
0
0 crítica
Organizar por
Críticas mais úteis Críticas mais recentes Por usuários que mais publicaram críticas Por usuários com mais seguidores
Eduardo Henrique
Eduardo Henrique

148 críticas Seguir usuário

Crítica da série
4,5
Enviada em 16 de outubro de 2025
É uma boa série animada. Não sou muito fã do jogo, mas achei a série muito interessante. Os personagens são bem feitos, os vilões são ótimos e as cenas de luta e ação são boas. Estou esperando a 2ª temporada para ver o próximo rumo da história ou se acabou aqui mesmo.
NerdCall
NerdCall

41 seguidores 396 críticas Seguir usuário

Crítica da 1 temporada
3,0
Enviada em 18 de outubro de 2025
A Netflix continua sua jornada de adaptar franquias consagradas dos videogames em animações, e Splinter Cell: Deathwatch chega para tentar repetir o sucesso de outras produções do gênero, como Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft. A diferença é que, aqui, quem assume o comando é Derek Kolstad, criador da franquia John Wick, responsável por construir um universo de ação estilizada e que vem servindo como referência para os filmes recentes do gênero. A expectativa, portanto, era alta — afinal, Kolstad parecia a escolha perfeita para traduzir o mundo de espionagem e sombras de Splinter Cell em um novo formato. Mas o resultado, apesar de ter estilo, carece de substância.

Desde os primeiros minutos, dá para perceber que Kolstad tenta equilibrar duas intenções: homenagear os fãs dos jogos e apresentar algo acessível a um público novo. A série é apresentada como uma espécie de continuação dos jogos, com um Sam Fisher envelhecido e aposentado que precisa voltar à ativa quando uma jovem agente é ferido e pede sua ajuda. A premissa carrega um bom potencial dramático — a ideia de um espião veterano, marcado pelo tempo e pela culpa, tendo de encarar o passado —, mas o roteiro parece pouco interessado em explorar esse lado humano. Em vez disso, prefere seguir uma narrativa genérica, repleta de flashbacks que mais dilui a narrativa do que ajudam a entender o protagonista.

Kolstad declarou que a intenção era criar algo que se conectasse ao universo dos jogos, mas com liberdade criativa para expandir o enredo. Essa liberdade, porém, acaba se tornando um obstáculo. Embora o nome “Sam Fisher” e a organização “Fourth Echelon” estejam presentes, pouco do verdadeiro espírito de Splinter Cell sobrevive aqui. A série ignora o elemento tático e furtivo, o famoso modo stealth, marca registrada da franquia, e substitui o suspense silencioso por combates diretos, explosões e lutas corpo a corpo — tudo muito bem animado, é verdade, mas sem a tensão e o refinamento que definem o personagem nos games. É como se a produção usasse o título apenas como uma fachada para uma história de ação genérica.

E essa é talvez a maior contradição da série: ela quer ser uma expansão do universo dos jogos, mas faz questão de fugir de tudo que tornou a franquia especial. A Ubisoft deu carta branca para Kolstad criar algo novo, desde que respeitasse a mitologia original — e ele até tenta, inserindo referências, fan services e citações que farão os fãs mais atentos sorrirem. Mas isso não basta. A mitologia está presente, sim, mas de maneira superficial, quase como um verniz que encobre um enredo que poderia pertencer a qualquer outra série de espionagem.

Liev Schreiber empresta uma voz rouca e imponente a Sam Fisher, dando ao personagem a gravidade necessária para um veterano de guerra que carrega o peso de muitas missões. Ainda assim, a série não sabe o que fazer com ele. Sam é retratado como um homem de poucas palavras, frio e contido — uma característica coerente com sua trajetória, mas que, aqui, acaba se tornando um obstáculo narrativo. Falta profundidade emocional. O protagonista parece deslocado dentro da própria história, um símbolo do passado empurrado para o canto enquanto novos personagens tentam roubar a cena.

Entre esses novos rostos está Zinnia McKenna, dublada por Kirby Howell-Baptiste, que surge como uma espécie de contraponto a Sam: jovem, impulsiva e movida por ideais. A intenção de criar um elo de gerações é clara, mas a execução deixa a desejar. Zinnia nunca chega a ter a força ou o carisma suficientes para sustentar o protagonismo que a série tenta lhe atribuir. Com isso, o foco se divide entre duas figuras que não se complementam de verdade — Sam, preso ao passado, e Zinnia, sem profundidade no presente. O resultado é um desequilíbrio narrativo que enfraquece ambos.

Em termos visuais, Splinter Cell: Deathwatch segue a linha das recentes animações da Netflix. O traço é limpo, moderno, que remete a produções como a série animada da Lara Croft. É um estilo que certamente agrada quem gosta de uma estética mais estilizada, mas que pode não conquistar todos os espectadores. Ainda assim, é preciso reconhecer o trabalho técnico nas cenas de ação, que são o ponto alto da série. As lutas são intensas e bem coreografadas, demonstrando o talento da equipe de animação em capturar o impacto físico e a brutalidade dos combates. O problema é que, mesmo visualmente empolgantes, essas sequências não têm o mesmo peso narrativo que deveriam. Falta a sensação de propósito que existia nos jogos, onde cada movimento era calculado e cada sombra tinha importância.

Essa mudança de tom deixa claro que a série quer se aproximar de um público mais amplo, menos familiarizado com os jogos, e mais interessado em uma história de ação direta. O problema é que, ao tentar agradar a todos, acaba não agradando plenamente ninguém. Os fãs se sentirão traídos pela superficialidade com que o universo foi tratado; os novatos, por sua vez, encontrarão uma história competente, mas esquecível. É o típico caso de uma obra que tem todos os ingredientes certos, mas não sabe como misturá-los.

Splinter Cell: Deathwatch deixa uma sensação agridoce. Há momentos em que o potencial da franquia brilha, especialmente quando Sam Fisher entra em ação — seja escalando estruturas, usando seu icônico visor de visão noturna ou demonstrando a astúcia que o consagrou. São instantes que resgatam o que há de melhor no personagem e mostram o quanto a série poderia ter sido mais envolvente se tivesse confiado mais em suas origens. No entanto, esses lampejos são raros, e logo se perdem em meio a tramas genéricas e vilões sem carisma.

Derek Kolstad, com toda sua experiência em construir mundos violentos e elegantes, parece ter preferido apostar na forma em vez do conteúdo. O estilo de John Wick está ali — os combates fluidos, o foco no corpo em movimento, a atmosfera sombria — mas sem a densidade emocional que sustentava aquele universo. Splinter Cell sempre foi sobre o silêncio, a paciência e a inteligência estratégica. E, ironicamente, é justamente isso que a série esquece de trazer.

No fim das contas, Splinter Cell: Deathwatch é uma produção que tem bons momentos visuais e uma dublagem eficiente, mas que falha ao traduzir a alma da franquia. Funciona como entretenimento leve e rápido, mas decepciona quem esperava uma verdadeira expansão do legado de Sam Fisher. O público novo pode até se divertir com as sequências de ação, mas os fãs dos jogos certamente sairão com a sensação de que viram um grande potencial desperdiçado.

Não era preciso reinventar o personagem nem transformar a série em algo tão distante de suas origens. Bastava lembrar que, às vezes, o verdadeiro poder de Sam Fisher não está nas explosões nem nos tiros — mas no silêncio e na sombra. E é exatamente isso que Deathwatch esquece de honrar.