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    Império da Dor
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    Mariano Soltys
    Mariano Soltys

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    Crítica da série
    4,5
    Enviada em 28 de agosto de 2023
    Série “Império da Dor” e a ética utilitarista


    Segundo a ética utilitarista as pessoas buscam o máximo de prazer e o mínimo de dor. Isso parece ter se refletido na ideia da indústria farmacêutica americana dos anos 80, onde a série “Império da Dor”, que em nome original seria analgésico, mostra as pessoas viciadas em opióides, que parece a fórmula de heroína, e dapi das pessoas chegarem a cheirar esse remédio, como mostrou a série documental. O capitalismo, unido ao utilitarismo, demonstra como as pessoas fazem tudo por dinheiro e prazer, o que atualmente leva as pessoas a entrarem em desvalores, em um mundo sem referenciais éticos, mesmo naqueles que se dizem “cristãos”, como os americanos e as igrejas que chegam por aqui, importadas dos EUA.
    Fato é que o sistema forte de marketing, alívio da dor, “milagres”, “testemunhos” e uma série de vendas não é tão diferente na indústria farmacêutica e outros lugares. As pessoas buscam mais o prazer, e o maior número de pessoas, o que leva a se conseguir boas vendas, ao se pensar numa ótica capitalista. Na série se mostra duas histórias paralelas, o da vendedora que anda de Porsche, e a do mecânico acidentado que acaba ficando viciado em remédios, no caso esse de base opióide, onde os médicos começam a indicar cada vez mais, nas regiões mais de interior do país.

    O sonho americano é desvendado nessas séries e seus casos de “sucesso”, sus polêmicas, falências, falcatruas, propagandas enganosas e tantos fatores, que apenas posteriormente se descobre. A busca de prazer, ou mera fulga da dor, não pdoe ser uma base ética muito confiável. O hedonismo é algo muito popular, mas a vida exige certa dor e sacrifício, mas se conquistar algo na sociedade. Também a ética cristã começa na dor, de Cristo que sofre e morre por todos nós, pagando pelos nossos pecados. A dor não foi evitada, nem o prazer buscado, e justamente quem busca o prazer em excesso comete pecado, o que não combina com uma sociedade que se diz de base cristã. Curioso que a protagonista, uma procuradora que enfrenta a grande indústria dos analgésicos, compara o vício em remédios com o vício em crack, tendo um irmão preso e família destruída pelas drogas.

    Quando John Stuart Mill e outros trouxeram a ética utilitarista, ou hedonista, isso funcionou bem para muitas pessoas, para a massa, e de certo modo o capitalismo, com seu fetichismo de mercadoria, bem como com as promessas milagrosas de seus produtos, leva muitos a comprarem sem parar, a fim de se satisfazerem em superficial prazer. A dor é algo normal, como já falei no livro Reflexões Gerais, e isso me lembrava Nietzsche, que desejava a dor para amigos, para que ficassem mais fortes, pois o que não mata, fortalece, como dizia. No mais, buscar a fuga das coisas é típico nos vícios, e também um além mundo ou mais felicidade é uma meta de muitos, apesar da realidade ser o choque. Enfim, o prazer fútil não é ético, e a fuga da dor parece um tanto fraqueza, quando refletimos nesses filósofos descritos.

    Mariano Soltys, filósofo e advogado
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