Baseado em um livro clássico homônimo, essa série de aventuras medievais que divide um elenco relativamente novo e nomes de maior peso no cinema e na televisão (como Andy Serkis e David Wenham) se apresenta como uma ficção histórica muito bem produzida nos efeitos e na ambientação, mas com um desenvolvimento mediano de seus personagens e tramas.
A narrativa de Carta ao Rei se resume nos caminhos e desventuras que o jovem aspirante a cavaleiro, Tiuri, enfrenta para levar uma importante e secreta mensagem ao rei de terras vizinhas, porém distantes. Essa jornada envolve magia e o clássico conflito entre o bem e mal, entre luz e trevas, literalmente na história. Isso é o que foi escrito, de forma simplificada, já o que foi de fato produzido e exibido na série também não passa muito dessa premissa inicial.
Com certas liberdades para atender a um público juvenil, ainda assim, Carta ao Rei não desenvolve muito seus personagens ou conflitos. Tudo acontece de forma muito bem filmada e artística, mas com pouco aprofundamento real nas tramas que ocorrem, ou deveriam ocorrer, na história. Uma certa maturidade nas cenas mais sombrias e uma dose a mais de preocupação no elenco jovem são o que incrementariam, e muito, a tensão da história que poderia muito bem ser equilibrada com os alívios românticos e cômicos que ela já aborda, ainda que no mesmo ritmo superficial.
Desde certas atuações dos personagens principais até um maior tempo de duração dos conflitos (principalmente do final), a série apresenta um conjunto de falhas misturado com um potencial não explorado, o que não a torna algo esquecível ou mesmo ruim. A produção de seis episódios é uma boa história para acompanhar. Há guerras e conflitos políticos, bons debates sobre ética e questões de gênero e classe social, busca por provação e por demonstração de poder, benevolente ou maléfico, e uma pitada de amizade e interesse romântico. O único ponto negativo que realmente se estende por quase todos os aspectos da série é a pura sensação de “poderia ser melhor” substituindo o bom e velho gostinho de “quero mais”.
* Na verdade, é interessante ver que Andy Serkis continua inserindo seus filhos no ambiente cinematográfico, e justamente em produções relacionadas à Idade Média, colocando sua filha Ruby na série, como fez com seu filho Louis no filme “O Menino que Queria Ser Rei”.