Fiquei extasiado e tive um grande choque de deleite estético ao acompanhar esta série.
Em comparação com o aclamado filme de Luchino Visconti, de 1963, acredito que a série seja mais fiel ao romance original, publicado em 1958, também em 6 capítulos (exatamente como a série). Lembrando que o romance foi montado a partir de manuscritos (não versão datilografada) do autor, que faleceu em 1957 e que esta versão inicial sofreu acréscimos, inclusive posfácios, a partir de novas anotações (inéditas) do autor e comentários de seu sobrinho e herdeiro, dando origem à quarta versão da obra, considerada a definitiva, do início dos anos 2000.
O livro é rigorosamente baseado em pessoas e eventos reais que acontecem durante o processo de unificação italiana, à partir de 1860. É contada a saga do bisavô do autor (que se torna Don Fabrizio, Príncipe de Salinas, no romance) e sua família, bem como a ascensão da burguesia e decadência da nobreza.
O casamento da burguesa Angélica Sedara, filha do Prefeito, com Tancredi Falconeri, nobre, sobrinho de Don Fabrizio, é o selo da união entre o nome do aristocrata decadente e da burguesa ascendente.
Se o filme de 1963 já nasceu um clássico, o que dizer então desta série?
Riquíssima ao descrever ambientes, figurinos, caráter dos personagens, momento histórico que a Itália está vivendo.
A série consegue superar o filme de Luchino Visconti em alguns aspectos, pois, ao realizar um "aggiornamento", trata de forma muito mais explícita e profunda algumas temáticas que haveria pudores em tratar em 1963. Lembrando que Visconti, exatamente como Lampedusa, era um aristocrata e, portanto, certamente teria pudores em expor algumas questões.
De todas as séries Netflix que eu já assisti esta é a melhor de todas!