Dois Homens e Meio… ou, como eu gosto de chamar, "Como Arruinar uma Série em 12 Temporadas e Uma Overdose de Cocaina". Essa série é a prova viva de que a comédia já foi livre, desbocada e completamente irresponsável – tudo o que o humor não pode mais ser nos tempos modernos de cancelamento e lacração.
Vamos começar pelo básico: Charlie Harper (Charlie Sheen, na vida real e na ficção) era um mulherengo alcoólatra que vivia em uma mansão em Malibu, gastando dinheiro com whisky e mulheres que claramente precisavam de terapia. Seu irmão, Alan (Jon Cryer), era um fracassado divorciado, tão patético que fazia o George Costanza parecer o Brad Pitt. E no meio disso, Jake (Angus T. Jones), a "metade" do título, que começou como um garoto inocente e terminou como um adolescente burro e preguiçoso, aprendendo todas as lições erradas com o tio Charlie.
As primeiras temporadas? Ouro puro. Era engraçado justamente porque era errado. Charlie pegando todas as mulheres, Alan sendo humilhado de todas as formas possíveis, e Jake desenvolvendo uma personalidade baseada em pizza e pornografia. O humor era ácido, politicamente incorreto e, acima de tudo, divertido. Não tinha essa frescura de "ah, mas e o machismo?". Era só zoação, e quem não gostasse que mudasse de canal.
Aí veio o Charlie Sheen da vida real – porque, convenhamos, o ator e o personagem eram a mesma pessoa – e decidiu que ia fazer da sua vida um reality show de excessos. Drogas, "tiger blood", "winning", e uma briga épica com os produtores que terminou com ele sendo chutado da série. E aí? A série morreu. Ponto.
Entraram com o Ashton Kutcher (Walden Schmidt), um bilionário da internet que era tão sem graça quanto um sanduíche sem recheio. A dinâmica mudou, Alan virou um gold digger emocional, e a série tentou se reinventar como uma comédia romântica falida. O resultado? Um lento e doloroso suicídio televisivo.
O final? Uma piada sem graça. Charlie "morre" (spoiler: ele não morre, porque ninguém aguentaria mais o Sheen), e a série tenta fazer um meta-humor que só prova o quanto ela já estava cadavérica.
Se você quer rir de verdade, assista até a oitava temporada e depois finja que o resto é um pesadelo coletivo. Dois Homens e Meio é como um ex-namorado problemático: no começo era divertido, depois virou um desastre, e no final você só quer esquecer que um dia teve algo a ver com aquilo.
Nota: 10/10 nas primeiras temporadas (quando o Charlie ainda estava sóbrio o suficiente para gravar). 0/10 no resto. Winning? Não exatamente.