Rick & Morty estão de volta com a 8ª temporada, e com isso alguns alertas se acendem — nada muito preocupante por enquanto, mas já perceptíveis, especialmente para quem acompanha a série há anos. A essa altura, acredito que apenas os fãs mais fiéis continuam assistindo. A nova temporada entrega mais do mesmo, o que não é ruim: mantém o estilo característico da série, com comédia satírica, piadas pesadas e um humor ácido. Por outro lado, com o encerramento de uma espécie de trama central que conectava temporadas anteriores, fica uma leve sensação de falta de rumo — o que pode soar genérico para alguns. Ainda assim, é um entretenimento honesto em seus 10 episódios.
Como já comentei, a trama envolvendo Rick Prime e Evil Morty — que funcionava como um fio condutor discreto entre os episódios — foi encerrada na temporada anterior. Agora, temos uma leva de episódios totalmente independentes, como já era comum na série, mas desta vez sem nenhuma amarra narrativa mais ampla ou indícios de uma nova direção clara. Há, sim, uma sugestão de algo relacionado a memórias no último episódio, mas que não chega a ser um grande cliffhanger. Rick & Morty sempre soube entregar ganchos curiosos, e aqui isso praticamente não acontece.
Mesmo sendo tratada como uma temporada experimental pelos criadores, a verdade é que a série parece não ter arriscado tanto assim. A sensação de déjà vu permeia quase todos os episódios, com reciclagem de ideias e piadas reformuladas. Isso levanta um alerta: talvez a série esteja começando a perder o fôlego e encontre dificuldade para se reinventar no futuro. Ainda assim, isso não chega a comprometer a experiência, justamente porque quem chegou até a 8ª temporada já sabe o que esperar — e está aqui pelo entretenimento simples, com aquele humor que já conhece e aprecia. Nesse sentido, a temporada cumpre seu papel.
Há destaques, claro. Episódios como Summer of All Fears, Valkyrick, Ricker Than Fiction e Hot Rick mostram lampejos de inspiração, com situações inusitadas e bizarras — incluindo participações especiais marcantes como James Gunn e Zack Snyder. Também vale ressaltar o trabalho da dublagem, que já era excelente e aqui parece ganhar ainda mais liberdade para brincar com expressões como "Faria Limer" e nomes populares como Léo Dias e Louro José. É, sem dúvida, uma das temporadas em que a dublagem mais brilha, arrancando boas risadas e elevando a qualidade da experiência.
Em resumo, a série foi filtrando seu público ao longo dos anos, e nesta 8ª temporada já fala diretamente com seus fãs mais devotos. Não é justo exigir muito dela, porque nem ela se propõe a isso. O objetivo continua sendo o mesmo: entregar uma dose sólida de diversão episódica. Em comparação com temporadas anteriores — que traziam mais inovação —, esta parece dar os primeiros sinais de desgaste criativo. Mas ainda há lenha para queimar, mesmo que o frescor esteja se perdendo. Se a série vai conseguir se renovar ou cair na repetição total, só saberemos nos próximos anos. Por enquanto, Rick & Morty seguem no “modo seguro” — o que para muitos, ainda é o suficiente.