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    Punho de Ferro: Segunda temporada repara problemas da primeira, mas ainda peca em ritmo (Primeiras impressões)

    Nossa análise (sem spoilers) do novo capítulo da história de Danny Rand.

    Linda Kallerus/Netflix

    Não foram poucos os problemas da primeira temporada de Punho de Ferro. A trama tem a pior execução entre todo o grupo de séries da Marvel/Netflix — tratando-se, pelo menos, das primeiras temporadas de cada uma delas. Para o segundo ano, houve um processo de reparação que é visível desde o primeiro episódio.

    Com a saída de Scott Buck, o produtor M. Raven Metzner assumiu o posto de showrunner, com uma nova configuração para a série. Não se engane, você vai ouvir a frase “Eu sou o Imortal Punho de Ferro”, mas nem de longe tanto quanto ouviu nos treze primeiros episódios da série.

    Aqui, Danny Rand (Finn Jones) é um personagem muito mais amadurecido. Ele entende quem é e o que se espera dele. Ajuda, é claro, a série já ter passado pela naturalmente enfadonha história de origem, mas a maior diferença reside justamente no fato de haver uma real exploração do personagem que não fica apenas na superfície.

    Entre os problemas mais visíveis da primeira temporada de Punho de Ferro, desaparecem as péssimas coreografias. Fica evidente que Finn Jones teve mais tempo para se preparar, mas as cenas de luta também são melhores com Colleen (Jessica Henwick, que já era o ponto alto da série desde o início), Davos (Sacha Dhawan) e novos personagens. Há ousadia em algumas tomadas e a série não foge do sangue, o que sempre é bom para imprimir a carga realista na qual este microverso se baseia.

    Outrora personagens extremamente rasos beirando a inutilidade, os irmãos Joy e Ward Meechum (Jessica Stroup e Tom Pelphrey) têm outras funções neste segundo capítulo. Ward desenvolve uma relação que beira o fraternal com Danny, e demonstra até mesmo uma certa irreverência. Justamente por isso, há espaço para o ator exercitar uma atuação mais complexa, e a mesma oportunidade é dada a Stroup, que entrega o suficiente com o que tem. Joy é aqui uma personagem muito mais sutil, que deixa clara a dor que sente após os eventos da temporada anterior, sobretudo em relação ao pai e ao irmão. Isso gera uma certa identificação em certo nível, eliminando parte do distanciamento que o público sentia com quase todos os personagens da série.

    Linda Kallerus/Netflix

    Nesta temporada, Danny deixou a supervisão do dia-a-dia da Rand Enterprises, mergulhando na tarefa de defender a Cidade de Nova York. Quando um "velho amigo" retorna com intenções distorcidas, isso acaba ameaçando a frágil paz que Danny mantinha dentro desta comunidade, e dentro de si mesmo.

    Uma grande adição para a temporada é Alice Eve, que interpreta a antagonista Mary Typhoid. A personagem, que nos quadrinhos já foi associada ao Demolidor, tem distúrbio de dupla personalidade, e suas diferentes “faces” surgem nos momentos mais inoportunos, navegando entre uma jovem pacifista a uma mulher com os mais perigosos instintos assassinos.

    Linda Kallerus/Netflix

    A abordagem de Eve para o papel é divertida, e a atriz entrega a novidade que é de longe a mais interessante da temporada — mas não é a única. A adição de Simone Missick, que retorna como Misty Knight para formar uma dupla com Colleen também melhora os ares da série e traz uma certa leveza. As Filhas do Dragão são rápidas não apenas nos golpes de luta mas também na retórica, uma graça muito bem-vinda na temporada.

    Linda Kallerus/Netflix

    Há uma subtrama que consegue amarrar de maneira nobre a história da disputa entre Danny e Davos com a relação balançada entre Joy e Ward, e por isso a temporada é capaz de traçar uma metáfora com dramas familiares e relacionamentos fragilizados. Apesar da nobreza da execução, no entanto, Punho de Ferro ainda não se livrou do problema de ritmo que acomete em diferentes níveis todas as suas “irmãs de casa.”

    A forma lenta com que a história é desenvolvida — priorizando sem exceções um arco da temporada e negligenciado as tramas episódicas — é extremamente prejudicial porque não dá ao público uma linha que acompanhar, transformando cada episódio em 50 minutos quase sem propósito, dos quais é possível tirar apenas algumas migalhas do arco completo que será resolvido nos minutos finais da temporada.

    Com uma cadência problemática e um personagem que não tem carisma, Punho de Ferro continua sendo uma série desafiadora mesmo com todos os acertos em relação à temporada inicial. A parte boa é que são apenas 10 episódios, ao invés dos tradicionais 13: uma decisão mais do que acertada que deve continuar a ser seguida.

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