Imagine começar a carreira ainda na infância, levar a profissão para a vida adulta e acumular uma sequência de trabalhos marcantes. Essa é a trajetória de Selton Mello, que, após uma breve passagem pela Band quando tinha menos de 10 anos, estreou como ator mirim em uma novela da Globo há mais de 40 anos e nunca mais deixou de se reinventar.
Ao longo do tempo, ele construiu uma carreira sólida, transitando com naturalidade entre a TV, o cinema e o teatro. O ator falou um pouco sobre essa caminhada em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, no 100º episódio do podcast OdeioCinema. O papo destacou a estreia de seu próximo filme, Anaconda, mas também relembrou alguns de seus momentos na televisão.
Após revelar que a adaptação norte-americana de The Office (2005-2013) é uma de suas séries favoritas, sua "série conforto", a apresentadora Amanda Brandão destacou que Selton já estrelou o humorístico Os Aspones (2004), da TV Globo, uma espécie de versão brasileira do sitcom original britânico. Infelizmente, a produção teve apenas uma breve temporada.
"Os Aspones é o máximo. Teve sete episódios, ia ter oito e cancelaram. As Aspones foi um erro, a Globo errou de não ter feito mais. A verdade é essa. Porque aquilo era brilhante, e era muito maneiro. Juntou um time muito maneiro", afirmou o artista.
Adorocinema
Ele ainda enalteceu o trabalho dos criadores e roteiristas, Fernanda Young (1970-2019) e Alexandre Machado, e reforçou que a série merecia uma continuidade "Aquilo tinha que ter tido quatro temporadas, mas tem sua vantagem ter tido sete episódios: a gente virou Caverna do Dragão", brincou, em referência ao desenho que também ficou sem conclusão.
Na sequência, Selton comentou que, com o sucesso do filme Ainda Estou Aqui (2024), em que interpreta Rubens Paiva, muitas pessoas passaram a se interessar por seus trabalhos antigos, alcançando até os mais jovens: "Tem uma nova geração descobrindo que aquilo (Os Aspones) existe e ficando viciada agora, com 14, 15 anos."
Qual é a história de Os Aspones?
Exibido no final de 2004, a série da Globo acompanha um desanimado grupo de funcionários públicos de Brasília, mais conhecidos como ASPONES (Assessores de Porcaria Nenhuma): Moira (Drica Moraes), Anete (Marisa Orth) e Caio (Pedro Paulo Rangel).
Na repartição onde trabalham, responsável por um arquivo do FMDO (Fichário Ministerial de Documentos Obrigatórios), eles praticamente não têm muito o que fazer, já que o órgão foi criado em plena ditadura e, com o passar dos anos, o governo desistiu de recolher os documentos dos cidadãos, fazendo o escritório perder sua função.
TV Globo
Um dia, porém, eles se deparam com a chegada do novo chefe Tales (Selton Mello) e sua estagiária Leda (Andréa Beltrão) a tiracolo. Rapidamente, Tales decide acabar com a inatividade dos funcionários e rebatiza o nome o local como FMDO (Falar Mal Dos Outros), com o objetivo de perseguir brasileiros que cometeram pequenos deslizes.
Além dos cinco protagonistas, Os Aspones contou com participações especiais de Daniel Dantas, Betty Lago e Gabriel Braga Nunes. Apesar da qualidade do texto, das atuações e de ter registrado boa média de audiência, a série não foi renovada para uma segunda temporada. Na época, sofreu críticas pesadas de servidores públicos.
"O programa não é sobre funcionários públicos. A comédia é sobre uma situação específica, sobre como se chegou àquela situação, naquele lugar em que as pessoas não têm nada o que fazer", explicou o autor Alexandre Machado ao Estadão naquele ano. "Não estamos dizendo que todos os órgãos públicos são assim", completou.
Os Aspones teve apenas uma reprise, em 2014, no Viva (atual Globoplay Novelas). Em agosto de 2024, os episódios chegaram ao catálogo do Globoplay como parte do projeto Resgate.
E se você quiser conferir ainda mais da veia cômica de Selton Mello, não perca Anaconda, que estreia no dia 25 de dezembro nos cinemas brasileiros.