Agora que Stranger Things está prestes a chegar ao fim, é impossível imaginar outros que não sejam Millie Bobby Brown, Noah Schnapp, Finn Wolhard, Gaten Matarazzo ou Caleb MCloughlin na pele dos já míticos Onze, Will, Mike, Dustin e Lucas. Os -antes- crianças de Stranger Things cresceram até se tornarem adultos à medida que a série avançava e sentimos um profundo carinho e admiração por eles, ao mesmo tempo que esperamos ansiosamente descobrir o destino reservado aos seus personagens na grande batalha final em Hawkins.
Descobriremos isso mais cedo ou mais tarde, já que a quinta e última temporada acaba de estrear a primeira leva de episódios na Netflix, e a sensação de nostalgia é absolutamente inevitável.
"[Stranger Things] Quebrava tantas regras. Era uma série sobre crianças que não era para crianças. Era a doçura de uma história de iniciação com a escuridão do gênero de terror. Transgredia com uma segurança espantosa", lembra o diretor e produtor executivo Shawn Levy sobre seu primeiro contato com a série em entrevista à Variety por ocasião da estreia da reta final.
Os criadores da série Matt e Ross Duffer queriam expressar sua paixão por aventuras infantis no estilo de Steven Spielberg e o terror inspirado em Stephen King com suas próprias experiências pessoais como membros de uma turma em sua cidade natal: "Jogávamos Magic: The Gathering e videogames, fazíamos filmes e vivíamos aventuras na floresta", lembra Ross para o mesmo artigo. "Grande parte da série, principalmente no início, consistia em transmitir essa sensação".
Para obter o resultado esperado, era imprescindível escolher os atores ideais para os personagens e foi precisamente isso que encontraram em Schnapp, Wolfhard, McLaughlin e Matarazzo. No caso deste último, os irmãos Duffer até incorporaram a displasia cleidocraniana do ator ao seu personagem, Dustin.
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Tanto o ator quanto seu personagem sofrem dessa condição, que afeta o desenvolvimento dos ossos e dos dentes e, no caso de Matarazzo, resultou, entre outras coisas, na ausência dos incisivos superiores. O fato de o ator ter a mesma doença na série, no entanto, foi algo que consultaram diretamente com ele para que a decisão final fosse dele e que agora, 10 anos depois, Gaten Matarazzo admira e elogia os criadores.
"Não tinha vergonha de falar sobre isso", diz Matarazzo, que agora tem 23 anos de idade, mas na época tinha acabado de entrar na adolescência. "Mas eles pediram especificamente. Disseram que escolheriam as crianças para a série por suas diferenças, e não apesar delas. O que realmente me marcou -e ainda me marca- foi o fato de priorizarem o meu conforto".
Na série, a condição foi incorporada ao personagem de Dustin e foi abordada no contexto não apenas tornando o elenco mais inclusivo, mas dando maior visibilidade à condição e tornando-a mais confortável para ele, já que isso implicava não precisar usar próteses ou outras medidas para esconder a displasia. Conforme demonstram as declarações, Matarazzo é extremamente grato aos produtores por permitirem que ele tomasse a decisão e não o obrigarem a isso.