Há cerca de dois meses, o cinema Belas Artes surpreendeu o público cinéfilo de São Paulo ao anunciar que o patrocínio da Caixa Federal havia sido suspenso, e que o local corria o risco de fechar as portas sem a entrada de um novo patrocinador.
O público se mobilizou, tanto nas redes sociais quanto com ações simbólicas, incluindo o lançamento de balões em forma de coração, entregues aos transeuntes da Avenida Paulista em busca de sensibilização pela crise do cinema.
Na manhã de 2 de maio, no entanto, o proprietário do cinema, André Sturm, divulgou à imprensa uma nova parceria com a cervejaria Petra. Nas próximas semanas, o cinema será rebatizado Petra Belas Artes, com um contrato de cinco anos que, de acordo com Sturm, ultrapassa o valor negociado com o antigo patrocinador. Os organizadores prometem que a programação, privilegiando o cinema autoral e independente, permanecerá intacta.
Sturm agradeceu os frequentadores paulistanos pelo apoio, que teria sido fundamental no encontro de novas parcerias - sobretudo neste "momento difícil, com tanta coisa jogando contra, especialmente para a cultura", frisou. Embora se declare "árduo defensor da Lei Rouanet", ele ressaltou o orgulho de ter firmado o acordo sem qualquer tipo de incentivo fiscal.
A representante da Petra, Eliana Cassandre, agradeceu ao Belas Artes pelo acordo e sublinhou que o cinema teria como objetivo "construir cidadãos melhores". "Todas as empresas deveriam ter em seus planejamentos conversas como estas, voltadas à cultura", defende.
Enquanto o Petra Belas Artes demonstra fôlego para enfrentar os próximos anos, outros cinemas da capital paulista ainda correm risco de fechamento, como o Cinearte Petrobrás, que perdeu recentemente o patrocínio da empresa petrolífera.