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    Good Girls é Breaking Bad às avessas, e no melhor sentido (Crítica da 1ª temporada)

    Série produzida pela NBC está disponivel no catálogo da Netflix.

    NOTA: 3,5 / 5,0

    Good Girls é o que acontece quando Breaking Bad encontra Thelma & Louise. A comédia com requintes de drama produzida pela NBC e distribuída pela Netflix no Brasil dá uma guinada feminina na história do protagonista bonzinho que vai tomando decisões questionáveis ao longo do caminho, e o resultado é algo completamente viciante.

    Criada e produzida por Jenna Bans, a série acompanha a história de Beth Boland (Christina Hendricks), Ruby Hill (Retta) e Annie Marks (Mae Whitman), três mães de família lidando cada uma delas com questões particularmente difíceis em suas vidas. Beth descobre a traição do marido e uma dívida enorme da hipoteca; Ruby e o marido Stan (Reno Wilson) não têm dinheiro para o tratamento médico da filha; e Annie lida com o ex-marido, que quer a guarda da filha de 11 anos, Sadie (Izzy Stannard). As três precisam de dinheiro, e acabam decidindo assaltar o supermercado local — onde Annie trabalha —, e as consequências desta ação levam o trio em uma montanha russa de emoções.

    O caminho que a série traça a partir do assalto faz com que elas acabem mergulhando ainda mais na vida do crime. Para manter a roda girando, cada episódio traz um desenvolvimento a mais. Elas são confrontadas por uma gangue local, têm suas vidas ameaçadas, forçadas a fazer trabalhos, etc. Os novos acontecimentos são consequências da primeira ação, o que acaba fazendo com que elas permaneçam nesta espécie de vida do crime até o momento em que eventualmente começam a gostar do que estão fazendo.

    NBC/Divulgação

    Todas estas reviravoltas podem cansar, pois os episódios são extremamente dependentes deste ponto específico para impulsionar a história adiante. E esta transição das protagonistas de personagens inocentes a peças centrais da ação não é algo exatamente novo. É, na verdade, a característica principal de alguns dos dramas mais importante dos anos 2000, e por isso, o caminho que Good Girls está seguindo não é mistério algum para quem conhece televisão.

    Mas a série também se beneficia muito da competência do elenco. Hendricks está novamente fenomenal, Whitman navega com tranquilidade entre a comédia e o drama, sendo ela uma atriz que frequentemente transita entre os dois gêneros em seus filmes e suas séries (D.U.F.F., Parenthood), e Retta conquista com o drama pessoal da família e a falta de paciência de sua Ruby. O carisma também das crianças, dos maridos (ou ex) e do elenco de apoio também impulsiona a história, e este é o seu maior feito. Por isso, mesmo que às vezes seja previsível ou pouco inventiva, Good Girls consegue se manter um drama cômico atraente e cativante.

    O fator feminino é apenas um dos pontos que trazem algo de diferente para esta narrativa que, caso fosse protagonizada por homens, seria algo totalmente convencional. A natureza humana das questões que elas enfrentam, que passam pela relação com os filhos, matrimônio e expectativas da sociedade para cada uma delas, traz algo com que o público consegue se identificar. Além disso, o fato de as protagonistas não serem jovens em seus 20 anos, ou adolescentes, mas sim mulheres com uma experiência de vida — e mulheres em diferentes fases, idades e com diferentes problemas — torna a trama mais orgânica e leve.

    Good Girls passa perto de Breaking Bad justamente em virtude da transição destas protagonistas, e sobretudo de Beth, que inverte a dinâmica que tinha com o marido. Mas ao contrário da clássica, esta nova série usa usa o lado sombrio da história como um ponto de estranheza para balancear a equação de um drama de família. Não se trata de uma história surpreendentemente original, mas é honesta, divertida e inteligente em seus esforços de tocar em temas importantes. A temporada está inteiramente disponível na Netflix, perfeita para uma maratona de prender o público por um dia inteiro no sofá.

     

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