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    Mostra de São Paulo 2015: Hector Babenco é ovacionado antes da exibição de Meu Amigo Hindu

    Novo filme do diretor de Pixote e Carandiru abriu a maratona cinéfila paulista.

    Uma característica comum a praticamente todos os festivais brasileiros é o excesso. No caso da Mostra de São Paulo, ele se manifesta através da quantidade de discursos na cerimônia de abertura. Foram quase 40 minutos em que políticos e representantes dos patrocinadores se alternaram no palco para que, enfim, o diretor Hector Babenco e sua equipe de atores tivessem voz. Mas, antes deste momento, vieram os aplausos. Muitos aplausos.

    Com o semblante emocionado, em parte pelo vídeo enviado pelo ausente Willem Dafoe, Babenco declarou ser apenas um "contador de histórias" e que buscava, sem parar, o belo. "Minha obra está permeada por este conceito", disse o diretor de Lúcio Flávio, Passageiro da AgoniaPixote e Carandiru.

    Sem rodar um único longa-metragem desde O Passado, que abriu a mesma Mostra de São Paulo em 2007, Babenco entregou ao público um filme assumidamente autobiográfico, tendo por base o tratamento por ele vivido ao descobrir que precisava fazer, às pressas, um transplante de medula óssea. Dafoe é o alter ego do cineasta, o que obrigou todo o restante do elenco a falar inglês a todo instante, mesmo com a história sendo ambientada no Brasil. Mas este é o menor dos problemas do longa-metragem.

    Com erros primários de roteiro, Meu Amigo Hindu se resume a narrar de forma didática e linear os acontecimentos do diretor ao combater o câncer e, vencido o desafio, seguir a vida. Repleto de citações a amigos e desafetos (alguns enigmáticos), o longa foi feito à imagem e semelhança do caráter egocêntrico do diretor. Basta constatar o fato de todos os demais personagens gravitarem em torno de Dafoe e, em muitos casos, serem descartados (ou pouco aproveitados) pelo roteiro por um mero capricho de momento. Isto acontece especialmente com Guilherme Weber, no período em que ambos estão no hospital.

    O ápice do didatismo surge quando Bárbara Paz, ex-esposa de Babenco, interpreta a si mesma no longa-metragem, com direito a recriação do momento em que é premiada no finado programa Casa dos Artistas.

    Como é praxe em eventos do tipo, a sessão chegou ao fim com aplausos - protocolares. O que importa é que, com Meu Amigo Hindu, a 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo estava oficialmente aberta. Que as próximas duas semanas tragam bons filmes, não apenas para a alegria dos cinéfilos mas também para ofuscar uma escolha tão infeliz para a abertura do evento. Babenco, o filme, fica muito a desejar ao que já fez o diretor.

    O AdoroCinema viajou a convite da organização do festival.

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