Minha conta
    Toronto 2014: Estreia de Chris Evans na direção é recebida com descrédito

    Before We Go tem boas atuações, mas soa falso como drama romântico.

    Assim como Reese Witherspoon – só para citar um exemplo – fez questão de se cercar de um time vencedor (do Oscar) em seu novo filme, Wild, que produz e protagoniza, Chris Evans contratou uma equipe de primeira para este Before We Go, sua estreia na direção. A turma conta com o roteirista Ronald Bass (melhor roteiro por Rain Man), o diretor de fotografia John Guleserian (Questão de Tempo), o montador John Axelrad (Coração Louco).

    Ao contrário da loirinha, no entanto, a temporada de premiações não parece ser o objetivo do intérprete do Capitão América. Com Before We Go, que estreou mundialmente no Festival de Toronto, a impressão que fica é a de que o ator (e agora diretor) “só” quer mostrar profundidade – e, claro, tirar férias da imagem de personagem da Marvel. Mas, ao contrário do que pregam muitos super-heróis, querer nem sempre é poder – que o diga Ryan Gosling em Cannes este ano. E Before We Go foi recebido com descrédito no TIFF.

    “Só um pacote de boa aparência não vai levá-lo (Evans) muito longe, e este exercício de direção sem substância do ator faz o filme parecer um projeto ao mesmo tempo modesto e vaidoso”, cravou o crítico do The Hollywood Reporter. “Infelizmente, não há como ele limpar a barra de uma situação que criou para si próprio com este drama romântico que luta desesperadamente para parecer envolvente e encantador”, segundo o Indiewire. “É difícil imaginar esta première tardia do festival (que termina amanhã) lucrando com algum sucesso de crítica ou comercial”, disse o especialista da Variety, que foi ainda mais duro: “caro Capitão América: não desista ainda do seu emprego como super-herói”.

    Resumindo, a trama é a seguinte: casal se conhece em uma estação de metrô em Nova York e passa a noite inteira caminhando e conversando. Trocando “metrô” pro “trem” e mudando de “Nova York” para “Viena” (você provavelmente já matou a charada) aonde chegamos? Sim, as comparações com Antes do Amanhecer (de Richard Linklater) são inevitáveis.

    Evans é Nick, um trompetista meio hipster de passagem por Nova York, onde tem uma audição importante marcada para o dia seguinte, e uma festa de noivado de um casal de amigos para dar as caras. Alice Eve (Além da Escuridão - Star Trek) é Brooke, uma negociadora de obras de arte que está apressada. Nick está tocando na Grand Central Station, a fim de levantar um troco, quando Eve passa (apressada) e deixa o celular cair – e quebrar.

    Ela perde o metrô e o rapaz, um cavalheiro à moda antiga, oferece ajuda. Ela, em princípio, reluta em aceitar a mão do estranho, mas não tem muita escolha, já que teve a bolsa roubada (cartões inclusos) e o telefone não funciona mais. É aí que começa uma odisseia pelas ruas de Nova York, onde eles vão revelando seus segredos enquanto cruzam mais uma esquina. Caminhando e conversando.

    Ambos os atores estão cativantes em seus papéis (quem não conhece Alice Eve vai se surpreender) e há lá um momento ou outro genuinamente engraçadinho (“cabine telefônica como máquina do tempo”, lembre-se disso), mas à medida em que as revelações dos personagens vêm à tona, descobrimos que eles não são tão complexos como se supunha – ou como Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy).

    O quadro fotografado de longe, a câmera tremida, o foco calculadamente perdido, por outro lado, dão uma roupagem indie cool que soa pretensiosa. E, quando o esforço é assim, tão aparente, não há super-herói que dê jeito.

    Mas, claro, trata-se do nome Chris Evans em jogo. E, como ele está longe de ser qualquer um, Before We Go teve seus direitos de distribuição comprados em Toronto, para ser lançado em 2015.

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Pela web
    Comentários
    Back to Top