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    Paulínia 2014: Teatro lotado para ver Deborah Secco

    “A Judite representa o primeiro passo para a artista que quero ser daqui para a frente”, diz a atriz sobre a personagem que interpreta no longa Boa Sorte. Filme Castanha também entra na disputa.

    O culto à celebridade foi a tônica da terceira noite do 6º Paulínia Film Festival. O público da cidade peregrinou em massa nesta quinta-feira, 24, para o Theatro Municipal Paulo Goulart, apesar da chuva, para ver a atriz Deborah Secco, protagonista do longa-metragem Boa Sorte, da diretora Carolina Jabor, em competição. Foi a primeira noite de casa cheia (o local tem capacidade para 1.218 pessoas) depois da abertura, na última terça.

    “Esse é o meu primeiro filme de ficção e vocês são meu primeiro público para essa primeira exibição”, destacou Carolina que, entre alguns trabalhos para TV, havia codirigido o documentário em longa-metragem O Mistério do Samba (2008), com Lula Buarque de Hollanda. Deborah ainda foi além: “esse é o trabalho mais importante da minha vida, para o qual dediquei um ano, minha saúde e minha essência”, disse sobre o papel para o qual emagreceu 14 kg. “A Judite representa o primeiro passo para a artista que quero ser daqui para a frente”, sentenciou.

    Judite é a paciente soropositiva, que sempre abusou das drogas, e que vive em uma instituição para tratamento. Lá, ela conhece João (João Pedro Zappa), um jovem de 17 anos que, viciado na combinação do tranquilizante Frontal com o refrigerante Fanta, é internado pelos pais na mesma clínica. Desse encontro, nasce uma história de amor fadada ao fim. “Eu sei que isso não tem tanto peso, mas também é o papel mais importante da minha vida”, brincou o ator, de 25 anos, em início de carreira.

    A exibição da produção dá uma boa noção do que a atriz quer dizer com o redirecionamento da carreira. Diferente de tudo por quê Deborah é conhecida, Boa Sorte traz uma personagem densa (soropositiva), papel que é desempenhado com delicadeza e sem maneirismos pela atriz. Com uma bela fotografia, de Barbara Alvarez (do uruguaio Whisky), e uma direção firme de Carolina Jabor, o filme é baseado no conto Frontal com Fanta, do escritor e diretor Jorge Furtado, que assina o roteiro ao lado do filho Pedro. É deles boa parte dos créditos pelo bom resultado da obra.

    Selecionado para diversos festivais, incluindo a importante Berlinale (Berlim), o docudrama Castanha foi o responsável por abrir a noite competitiva. O filme do portoalegrense Davi Pretto acompanha uma parte da trajetória do transformista (o mais correto seria dizer “trabalhador”) João Carlos Castanha – que recebeu o prêmio de melhor ator na última edição do Festival Internacional de Cine Las Palmas de Gran Canaria, na Espanha.

    Baseado na vida do artista, o longa contou com roteiro pré-definido, desenvolvido ao longo de três meses pelo diretor, embora o texto nem sempre tenha sido seguido à risca. “A gente inscreve o filme (nos festivais) como ficção, e ele é aceito; manda como documentário, e é aceito também”, comentou Pretto, a despeito do limite borrado entre os gêneros.

     

    Um “personagem”, sem dúvida, interessante, Castanha vive com a mãe na periferia de Porto Alegre e, para pagar as contas, se apresenta como transformista nas noites da capital, enquanto tem que lidar com a exploração e violência de um sobrinho viciado em drogas. O filme, em si, no entanto, é construído com um ritmo lento, que não empolgou.

    A atriz Natalia Lage foi a mestre de cerimônias da noite, ao lado do curador, Rubens Ewald Filho.

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