Existem amizades que transcendem os holofotes e a fama. A amizade entre Robin Williams e Christopher Reeve é um exemplo comovente. O vínculo entre eles jamais se enfraqueceu, mesmo diante das provações mais difíceis da vida. Tudo começou na Juilliard School, em Nova York, onde os dois futuros ícones do cinema se conheceram e forjaram um laço forte, quase fraternal. Ao longo dos anos, apesar de suas respectivas carreiras terem decolado – Reeve se tornando o rosto icônico do Superman em 1978, Williams se consolidando como um mestre da comédia – a estreita relação entre eles jamais se desfez.
Então, em 1995, tudo mudou para Reeve. Vítima de um grave acidente a cavalo, ele ficou tetraplégico. Com a medula espinhal fraturada, um prognóstico sombrio e o moral em frangalhos, Reeve passou por um dos períodos mais difíceis de sua vida, chegando a ter pensamentos suicidas.
Uma luz no fim do túnel
Mas, nesse período sombrio, um raio de luz inesperado surgiu. Um dia, enquanto ainda estava no hospital, a porta do seu quarto se abriu de repente. Entrou uma figura improvável: jaleco amarelo, boné azul, sotaque russo exagerado. Era Robin Williams, disfarçado de médico, que chegou anunciando que estava ali para um exame muito íntimo. Contra todas as expectativas, Reeve caiu na gargalhada pela primeira vez desde o acidente.
Frank Edwards/Getty Images
Em sua autobiografia Still Me, o intérprete do Homem de Aço relembrou a cena inesquecível com emoção.
“Num momento particularmente sombrio, a porta se abriu e uma pessoa agachada, vestindo um boné azul, um avental cirúrgico amarelo e óculos, entrou apressadamente, falando com sotaque russo. Ele disse que era meu proctologista e que precisava me examinar imediatamente. Pela primeira vez desde o acidente, eu ri. Meu velho amigo me ajudara a perceber que, de alguma forma, eu estava bem. ”
Aquele momento marcou uma virada. O riso, provocado por seu amigo de longa data, agiu como uma faísca, reacendendo um resto de esperança dentro dele. Williams não apenas trouxe um sorriso; ele reavivou a vontade de lutar de Reeve .
Apoio inabalável até o fim
Mas o apoio do ator não terminou com aquela visita memorável. Ele também contribuiu financeiramente para o tratamento médico do amigo e permaneceu ao seu lado até sua morte, em 2004. Esse comprometimento sincero foi muito apreciado pela família Reeve quando o próprio Robin Williams faleceu.
Essa comovente história nos lembra que Robin, além de seu gênio cômico, era um homem profundamente humano. Quanto a Christopher, sua coragem e resiliência continuam a nos inspirar até hoje. Duas lendas, dois amigos, dois corações imensos agora unidos em nossa memória coletiva.