Tubarão é um dos filmes mais memoráveis do mestre Steven Spielberg. A obra foi um enorme sucesso, elevando o diretor a ser um dos grandes nomes do cinema. Mas a aposta estava longe de ser ganha para Spielberg!
Em 1975, o diretor precisou ir até a França para apresentar o filme que foi um choque absoluto nos espectadores dos Estados Unidos. Um arquivo descoberto pelo INA, mostrou Spielberg relembrando os motivos que o levaram a fazer Tubarão.
"Você conseguiu assustar toda a América. Obviamente, você gosta desse tipo de tema quase mitológico", começa o jornalista. "Sim, o que me atrai é o inimigo desconhecido", responde Spielberg. "Um inimigo mais difícil de enfrentar do que um homem. Um inimigo que pode te encarar, te olhar nos olhos e te atacar de todos os lados", continua o cineasta.
É disso que eu gosto. Estou mais interessado em fazer um filme sobre uma força superior. Em Tubarão, o tubarão é, aos meus olhos, apenas uma máquina devoradora, um assassino mítico que não questiona seus motivos.
Homem vs Natureza
"O tubarão escolhe suas vítimas porque é assim que ele é. Esse é o seu lugar na natureza. Ele não faz distinção entre focas, tartarugas ou humanos. Os humanos são apenas alimento para ele. Em vez de mostrar a luta do homem contra o homem, mostrar a luta do Homem contra a Natureza, isso me interessa mais. [...] Em vez de mostrar a luta do homem contra o homem, isso me interessa mais". conclui Steven Spielberg.
Ao escolher abordar a representação do tubarão dessa forma, o cineasta acertou em cheio em sua aposta. Raramente vemos o animal, mas sua presença ameaçadora paira ao longo do filme, tornando-o cada vez mais opressivo e angustiante.
Graças a essa ideia, também devido em parte ao mau funcionamento do tubarão falso construído pela equipe de filmagem, Spielberg redefiniu a exploração cinematográfica, abrindo caminho para os sucessos de bilheteria da época.
Vale lembrar que Tubarão arrecadou 490 milhões de dólares com um orçamento reduzido de 7 milhões de dólares! Na França, atraiu 6,2 milhões de espectadores em seu lançamento em janeiro de 1976 — talvez se Steven Spielberg não tivesse feito sua visita, os números poderiam ser diferentes.
