A dualidade entre as personas de Clark Kent e Super-Homem é uma peça-chave no novo Superman de James Gunn, algo que não vinha sendo tão explorado desde o seriado Smallville. A identidade oculta do kryptoniano é um simples repórter que se esconde atrás de sua timidez e de seu clássico par de óculos pretos.
A falta de desconfiança dos outros cidadãos de Metrópoles diante de um disfarce tão pouco elaborado sempre foi motivo de piada. Porém, é fundamental para a história apoiar-se na suspensão de realidade do leitor ou do espectador para acreditar que ninguém além da perspicaz Lois Lane desmascararia o herói.
Em algumas versões das histórias em quadrinhos, especificamente na Silver Age da DC, há uma explicação científica de que os óculos usados por Clark Kent são capazes de distorcer sua aparência física aos olhos de outras pessoas. Dirante suas pesquisas para construir o Superman do DCU, James Gunn decidiu incorporar esse recurso para embasar o segredo:
"Eu estava conversando com Tom King, o roteirista dos quadrinhos, e pensei: 'Sabe, o que eu realmente não sei como conciliar os óculos, porque eles sempre me incomodaram quando criança'. Eles me incomodavam porque eu simplesmente não tenho tanta suspensão da realidade para acreditar nisso. Mas ele disse: 'Sabe, há uma resposta para isso nos quadrinhos e é cânone que eles hipnotizam as pessoas'", justificou Gunn em entrevista ao ComicBook.

Nas edições de Superman publicadas entre 1956 e 1970, as lentes usadas na armação do protagonista foram criadas a partir das janelas da nave espacial que trouxeram Kal-el para a Terra e o material tinha propriedades de distorção de imagem para "invisibilizar" e proteger o foguete.