Há quase 50 anos, Sylvester Stallone estava prestes a renunciar ao seu sonho de ser ator quando ele mesmo escreveu o filme que o catapultaria à fama. Rocky, um Lutador, em que interpretava um boxeador de um bairro marginal que se torna o adversário de um campeão mundial, foi um grande sucesso - ganhou três prêmios Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor - e iniciou uma longa franquia que segue viva até hoje. Apenas seis anos depois, Stallone interpretaria seu segundo personagem mais famoso: John Rambo, um atormentado veterano de guerra que foge das autoridades após ter problemas com um chefe de polícia no inesquecível Rambo - Programado para Matar.
Com Rambo, Sylvester Stallone consolidou sua carreira e se tornou uma estrela do cinema de ação, apesar de muitos de seus colegas de profissão terem rejeitado o papel antes e até mesmo seu amigo Burt Reynolds ter recomendado que não o fizesse. No entanto, Stallone colocou uma condição: reescrever o roteiro com o diretor Ted Kotcheff, que admitiria que as modificações do ator e roteirista foram cruciais.
Além de John Rambo, no filme havia outros dois personagens-chave: o Sheriff Teasle, que foi interpretado por Brian Dennehy, e, é claro, o coronel Trautman, o mentor de Rambo, para quem queriam uma grande estrela. O escolhido foi Kirk Douglas, um ídolo para Stallone que tinha ficado impressionado com o roteiro e que aceitou rapidamente o projeto.

No entanto, a ilusão durou pouco. Como lembram nossos colegas do AlloCine em um artigo recente, quando Douglas chegou ao set de filmagem começou a querer mudar seus diálogos, o que não agradou nada a Kotcheff porque inicialmente não havia feito nenhum comentário a respeito.
Além disso, Douglas tinha um hábito que exasperava o diretor de Rambo: falava de si mesmo na terceira pessoa. Assim contou o diretor:
Eu o ouvia repetir uma e outra vez: Kirk não diz esta linha, Kirk não gosta deste diálogo. Pior ainda, queria roubar o diálogo dos outros personagens
"Ele fez sugestões muito bregas, como se estivéssemos filmando um filme B dos anos 40", acrescentou.
Apesar da irritação, diretor e ator concordaram com as mudanças, mas Douglas continuava não estando totalmente satisfeito. Os produtores Andrew Vajna e Mario Kassar compreenderam que tinham um problema quando Kotcheff lhes explicou as consequências na produção: "Realmente vai nos custar duas semanas extras de filmagem porque tenho que negociar para que ele diga cada uma de suas falas".
O ultimato a Douglas foi claro: ou aceitar filmar sem mudanças ou ir embora. Algo que ele não hesitou: "Kirk vai embora".
O sucessor da estrela de Hollywood seria Richard Crenna, um ator muito menos conhecido, mas que não impediu que Rambo fosse um autêntico triunfo internacional.