Mel Gibson já foi uma das maiores estrelas de Hollywood, mas é justo reconhecer que seus melhores anos já ficaram para trás. No entanto, em 2016, ele demonstrou mais uma vez seu talento para a direção com Até o Último Homem, um excelente filme de guerra pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor. Tudo apontava que esse seria o início de seu retorno em grande estilo, mas as coisas nunca se concretizaram.
Demorou incríveis nove anos para o lançamento de Ameaça no Ar, seu novo trabalho por trás das câmeras, no qual a dedicação de Mark Wahlberg ao vilão se destaca. É também um suspense divertido que não se prolonga muito (com duração de 91 minutos), porém Gibson merecia muito mais do que isso.
Filme para se divertir
É incompreensível que Mel Gibson tenha retornado com um suspense de ação que é mais um passatempo de locadora de vídeo do que um espetáculo para os cinemas.
Lionsgate
Flight Risk, no original, é um filme que se passa quase inteiramente a bordo de um pequeno avião e na dinâmica estabelecida entre três personagens. A tensão surge porque um deles quer matar os outros dois, o que é revelado no próprio trailer.
A melhor parte de Ameaça no Ar provavelmente está no primeiro ato, já que as apresentações dos personagens são muito bem feitas, estabelecendo suas personalidades e o que virá a seguir. Não que haja qualquer indício de profundidade, mesmo em tudo relacionado ao passado conturbado dos Estados Unidos. Uma Michelle Dockery bem em cena ainda é uma base eficaz para preparar o terreno para a tensão que surge quando Wahlberg deixa claras suas intenções malignas.
Embora o primeiro filme não tenha sido bem-recebido, a sequência de ação com Mark Wahlberg à la John Wick está a caminhoA partir daí, o roteiro de Jared Rosenberg começa a revelar que se trata de uma obra de principiante, pela tendência excessiva ao preto e branco na hora de explicar as motivações dos protagonistas. Isso entra em conflito com a habilidade inegável de Gibson por trás das câmeras, pois ele consegue evitar a temida sensação de se repetir e aproveita ao máximo as possibilidades em um espaço tão pequeno.
Tudo isso sem virtuosismos desnecessários — seu trabalho opta por uma abordagem mais clássica da ação, fugindo dos excessos dos últimos tempos para camuflar o fato de que não houve nenhum planejamento na hora de montar algumas cenas — já que o objetivo principal é manter tudo fluindo e fazer todo o possível para segurar a tensão que explode após cerca de 20 minutos de filmagem.
Lionsgate
E o fato é que Ameaça no Ar seria um filme francamente deficiente sem Gibson na cadeira de direção, tanto porque é quase certo que Wahlberg não estaria por perto, já que é ele quem dá um tempero a uma história que chega a um ponto em que acaba andando em círculos — uma limitação impossível de superar em uma trama como essa — e que depois é resolvida de forma bastante discreta.
Tire isso e você terá um passatempo voltado para o digital que não se destaca de forma alguma e do qual muitos nem teriam ouvido falar quando foi lançado.
A Paixão de Cristo 2: Ator de O Som da Liberdade, volta de Mel Gibson e tudo o que se sabe sobre a sequência do filme de 2004Felizmente, Ameaça no Ar tem essas duas qualidades, garantindo que assisti-lo não acabe sendo uma perda de tempo. Na melhor das hipóteses, você se divertirá, enquanto na pior, poderá lembrar que gastou pouco mais de 90 minutos do seu tempo.
Ameaça no Ar está disponível para compra e aluguel no Prime Video, Apple TV, Youtube e Google Play, dentre outros filmes bons para assistir.