Rose Byrne já passou por muitas coisas no cinema para entreter seu público. Isso inclui cerca de 300 minutos de terror na franquia Sobrenatural e, é claro, as cenas absurdas nas lendárias comédias Vizinhos e Missão Madrinha de Casamento. Mas, em comparação com seu mais recente filme, essas aventuras foram mais do que tranquilas, porque na comédia de suspense If I Had Legs I'd Kick You o mais puro terror psicológico invade a atriz australiana.
O filme de Mary Bronstein já recebeu críticas positivas no Festival Sundance de Cinema, nos Estados Unidos, e chegou à Alemanha como parte da competição do Berlinale (Festival Internacional de Cinema de Berlim) 2025. No Brasil, o longa-metragem ainda não tem data de lançamento nos cinemas.

Quando você ouve falar em Sundance, provavelmente pensa em filmes indie peculiares como Pequena Miss Sunshine ou dramas sociais com mensagens importantes e atores desconhecidos. Mas não se preocupe, If I Had Legs I'd Kick You (Se eu tivesse pernas, chutaria você, em tradução livre) é surrealista e bem-humorado demais para essas trivialidades. Isso também se reflete na escalação um tanto peculiar de ASAP Rocky e Conan O'Brien.
A comédia de suspense desencadeia a angústia existencial de uma mãe
Uma comparação cinematográfica fica óbvia após os primeiros minutos do filme: o fantástico Joias Brutas, com Adam Sandler, que foi lançado na Netflix. Josh Safdie, um dos dois diretores do suspense de 2019, está envolvido como produtor na odisseia desossada de Byrne e ambos os filmes apresentam um logotipo da produtora independente A24.
Ao contrário de Joias Brutas, If I Had Legs I'd Kick You tem uma heroína que só quer o melhor. Além de seus pacientes, a terapeuta Linda (Byrne) também cuida sozinha de sua filha, que sofre de uma doença não especificada e precisa ser alimentada permanentemente por um tubo no estômago.
O filme representa, antes de tudo, o desafio materno imposto a diversas mulheres na sociedade atual. Linda conhece bem esses desafios e se considera esgotada. Praticamente mãe solo da menina doente (já que o pai da criança não está presente em cena), a vida da protagonista está desmoronando – assim como o teto da sala de estar de sua casa, que literalmente desaba, fazendo com que uma enchente a atinja.
If I Had Legs I'd Kick You tem as características de um drama, mas se transforma em um suspense
Em If I Had Legs I'd Kick You, somos lançados em um ataque de pânico e temos que nos ver recuperando o fôlego. Equipado com closes inquietos do desespero ou da irritação maravilhosamente cômica de O'Byrne como o psicólogo de Linda, o filme poderia ser facilmente confundido com um drama social realista se não fosse pelo exagero do ambiente em que ela se encontra.
Isso já fica evidente no tratamento que o filme dá à filha, cujo rosto permanece oculto. Sua voz sem corpo ecoa nos closes da protagonista como a de um vilão de filme de terror tentando atraí-lo para um porão escuro. O restante do mundo é povoado por atendentes de estacionamento irritados e acumuladores histéricos que envolvem Linda em um cânone compartilhado de explosões crescentes de raiva.
O pressentimento de que haverá uma grande explosão em algum momento paira sobre tudo, e é por isso que o filme avança rapidamente como um suspense. Resta aguardar para saber se a comédia de suspense será lançada nos cinemas brasileiros ou se chegará diretamente em algum serviço de streaming.