Som e cinema estão intimamente ligados - embora não desde seus primórdios, já que o cinema era mudo e sua principal atração era o visual. A verdade é que desde que o áudio se fundiu com o vídeo, grandes anedotas do mundo do cinema se tornam histórias interessantes para os amantes da sétima arte e também para os amantes da música.
Se pensarmos nas estrelas da música eletrônica do ano 2000, é impossível não recorrer ao nome de Moby, o músico e produtor que conseguiu, na época, fundir a nostalgia cinematográfica com a vanguarda sonora como fez em sua icônica canção Porcelain. O que pouca gente sabe é que a faixa tem uma ligação inesperada com o cinema clássico.
MGM; EMI Music
Em 1960, foi lançado o filme Exodus, dirigido por Otto Preminger e estrelado por Paul Newman, um drama épico baseado no romance homônimo de Leon Uris. Sua trilha sonora composta por Ernest Gold ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original e deixou uma marca indelével na música cinematográfica.
Entre suas composições, destaca-se Fight for Survival, um tema orquestral cheio de tensão e drama que pode ser apreciado em um dos momentos emblemáticos do filme. Porém, a chave para a conexão entre ambas as peças está em um experimento de Moby com o som.
Transformação sonora: de Fight for Survival para Porcelain
Fascinado pela atmosfera com que Fight for Survival envolve o espectador, Moby decidiu tocar a peça ao contrário e em um ritmo mais lento, descobrindo no processo uma harmonia melancólica e etérea. Este fragmento manipulado serviu como base melódica de Porcelain, caracterizada por sua linha de piano hipnótica e instrumentação emotiva.
O resultado foi uma peça que contrasta com a percussão eletrônica que marca o ritmo da música. Com sua mistura de melancolia e modernidade, Porcelain se tornou uma das músicas mais icônicas de Play, um álbum que redefiniu a música eletrônica na cultura popular.