"Más notícias são as que mais vendem" (Chuck Tatum)
Atipicamente, assisti a esse clássico do genial diretor Billy Wilder na hora do almoço. Coincidentemente o horáio onde a TV concentra programas jornalísticos sensacionalistas que exploram de forma circense a desgraça alheia e sempre muito mais populares do que noticários mais comprometidos com um jornalismo sério. Sem chances de deixar passar despercebido a atemporalidade dessa obra prima do cinema, o que jamais deve deixar de ser ressaltado antes de uma análise mais técnica. O roteiro do filme traduzido (de forma também atipicamente feliz) como "A Montanha dos Sete Abutres" é simplesmente uma pérola, uma jóia rara da sétima arte e, dirigido pelas mesmas mãos seguras de Wilder, tudo funciona maravilhosa e perfeitamente bem ao longo de toda extensão da película (Deus salve os filmes com metragens corretas!). Algumas cenas, de beleza inenarráveis, são antológicas, como a chegada dos repórteres Tatum e Herbie à Albuquerque, Lorraine Minosa (Jan Sterling ótima!) desistindo de deixar a cidade após considerar a chance de conquistar fama e dinheiro explorando também a tragédia pessoal do marido soterrado Leo Minosa e a cena do circo (literal e não-literal) inescrupulosamente criado por Tatum em torno desse fato sendo desarmado e desaparecendo em alguns poucos minutos. Wilder era realmente brilhante e tudo encanta! Kirk Douglas, em mais uma incrível atuação como o jornalista antiético (na minha humilde opinião, um dos grandes anti-heróis da história do cinema), encabeça um grande elenco, todos interpretando com extrema correção. A montagem, com cortes mais clássicos, respeita o roteiro. A trilha sonora também é funcional e a fotografia preta e branca do early50's continua agradabilíssima. Excelente! Indispensável à videoteca de qualquer bom cinéfilo!