“Com toda honestidade e sinceridade, pode-se afirmar que não desejo nada além de liberdade, justiça e igualdade: vida, liberdade e a busca da felicidade para todas as pessoas. Minha primeira preocupação, é claro, é com o grupo ao qual pertenço, os afro-americanos, pois nós, mais do que qualquer outro, somos privados desses direitos inalienáveis. Acredito que a verdadeira prática do islamismo pode remover o câncer do racismo dos corações e almas dos americanos brancos”.
Ativista dos direitos humanos, ministro muçulmano, Malcolm X foi um grande defensor do nacionalismo negro nos Estados Unidos, numa época em que os negros sofriam agressões e desrespeitos em todos os lados. A sua história nos é contada no épico autobiográfico “Malcolm X”, dirigido e co-escrito por Spike Lee.
No filme, Lee cobre as diversas fases da vida de Malcolm: os anos iniciais como um ladrão/vigarista das ruas; a sua prisão e a sua consequente transformação pessoal, quando ele entra em contato com a Nação do Islã (grupo político e religioso, que tem como propósito a melhoria da condição econômica, social e espiritual nos negros nos Estados Unidos); a sua ascensão como figura mais importante - e de referência, ao lado de Elijah Muhammad - da Nação do Islã; a sua ruptura com a Nação, a viagem à Meca e a fundação da Organização para a Unidade Afro-Americana; até o seu assassinato em 21 de fevereiro de 1965.
Figura magnética, consciente, inteligente e extremamente eficaz na forma como se comunicava, chamava a atenção em Malcolm X não só a sua liderança nata, como também o fato de que os ideais que ele defendia terem ressonância até os dias atuais. Denzel Washington está brilhante, em uma atuação indicada ao Oscar 1993 de Melhor Ator.
“Malcolm X” é uma obra grandiosa de Spike Lee, principalmente na forma como ele conseguiu nos retratar que as esperanças, os sonhos e as lutas de Malcolm em prol dos negros norte-americanos seguem atuais. É um filme sobre a profundidade das questões raciais, com reflexões importantíssimas sobre esse tema.