Baseado na peça teatral de Fernando Bonassi, contando com apenas dois personagens, Toni Venturini conta a história de dois personagens que a circunstância os junta. Lena (Débora Duboc) está grávida e vive num bar, o Dama de Ouro, que ficava junto a um garimpo no extremo norte do Brasil. Havia tido os seus dias de glória no passado, porém, agora, nenhuma alma adrentava aquele recinto. O pai da criança, um coronel da polícia, ofereceu que o local service de refúgio para o cabo Vilela (Claudio Jaborandy), que cometera um assassinato e teria de fugir de São Paulo. A cena inicial do filme na qual Lena, com aquele barrigão de grávida, sozinha naquele bar no fim do mundo, se masturbando, acentua o estado animalesco em que ela se encontrava. Já Vilela chega com o propósito de reformar o local, de dar vida ao bar e algum sentido à sua vida. O casal inicia um relacionamento. A personagem de Lena vai ganhando força, muito devido à própria maternidade, apesar dos esforços de Vilela não redundarem no retorno dos fregueses ao Dama de Ouro. Ele, por sua vez, corroído pela desesperança, pelo ciúme da criança recém-nascida e pela culpa do seu passado, passa a se dedicar ao consumo de pinga. A fotografia e a trilha sonora de Lívio Tragtenberg fortalecem ainda mais este Latitude Zero. Filme brasileiro de baixo custo, de boa qualidade, que infelizmente não caiu no gosto daqueles que só querem ver personagens de novelas globais, como a recém-finada, Mulheres apaixonadas.