Bizarros Peixes das Fossas Abissais: Críticas

Bizarros Peixes das Fossas Abissais é uma animação excêntrica que mistura humor absurdo e uma reflexão profunda sobre a memória e a cura. Três personagens únicos — uma nuvem tímida, uma tartaruga com TOC e uma jovem com poderes animais — embarcam em uma jornada para encontrar uma planta medicinal capaz de curar o Alzheimer de um avô. Com influências visíveis de O Submarino Amarelo, o filme usa uma estética surreal e personagens bizarros para cativar tanto jovens quanto adultos, combinando leveza com temas emocionais e existenciais.
Uma obra corajosa e única, com uma estética memorável.

O filme brasileiro Bizarros Peixes das Fossas Abissais é uma fábula visualmente encantadora e emocionalmente profunda que mistura fantasia e realismo mágico para abordar temas como memória, identidade e aceitação. A trama acompanha uma jovem em busca dos fragmentos de um vaso misterioso, cujo verdadeiro mapa a leva para as profundezas do oceano, onde uma planta especial pode restaurar todas as memórias perdidas. Sua missão tem um propósito nobre: presentear seu avô, que sofre de Alzheimer.

Um dos grandes acertos do filme é situar essa jornada surreal em cenários reais do Brasil, transitando entre a Baixada Fluminense (RJ) e Araraquara (SP). Essa escolha cria um contraste fascinante entre a poesia do fantástico e a crueza do cotidiano, reforçando a universalidade do tema da memória e da perda. As ruas simples, as paisagens urbanas e as cores dessas regiões dão uma identidade única ao longa, tornando a história ainda mais próxima do público brasileiro.

A força do filme está na construção de seus personagens peculiares e simbólicos. A nuvem com incontinência pluviométrica representa a dificuldade de se expressar emocionalmente, enquanto a tartaruga com TOC reflete a luta contra pensamentos intrusivos e a necessidade de controle. Essas figuras tornam a jornada ainda mais surreal e poética, proporcionando tanto momentos de humor quanto de reflexão.

A direção aposta em uma estética onírica, com um uso criativo de cores e composições visuais que reforçam a sensação de aventura e melancolia. O filme se destaca não apenas pelo seu conceito inovador, mas também pela maneira delicada com que trata temas como a perda da memória e o impacto emocional disso para aqueles que convivem com a doença.

No entanto, seu ritmo pode ser considerado lento para alguns espectadores, e a narrativa simbólica exige uma interpretação mais subjetiva, o que pode afastar quem espera uma trama convencional. Ainda assim, Bizarros Peixes das Fossas Abissais se firma como uma experiência cinematográfica única, que emociona e instiga a imaginação, tornando-se uma bela metáfora sobre o poder das lembranças e o desejo de preservá-las.