A nova aposta da Netflix em animação, Nos Seus Sonhos, chega ao catálogo cercada de expectativas. Não apenas por dividir o mesmo ano de estreia com outra possível candidata do estúdio, Guerreiras do K-Pop, mas por marcar a estreia de Alex Woo na direção. Embora seja seu primeiro longa como diretor, Woo carrega uma bagagem que desperta curiosidade: anos trabalhando como artista de história na Pixar em filmes como Ratatouille, WALL-E, Procurando Dory, Os Incríveis 2 e O Bom Dinossauro. Some a isso o fato de a produção ser assinada pela Kuku Studios, fundada por ex-funcionários da Pixar, e fica claro por que o filme já chega com um perfume familiar.
E essa familiaridade é ao mesmo tempo força e fraqueza. Woo já afirmou que buscou inspiração direta nos anos de experiência dentro da Pixar, e o filme realmente carrega muito da identidade emocional, visual e narrativa do estúdio. Porém, enquanto essa influência traz segurança, também deixa Nos Seus Sonhos preso à sombra das obras que homenageia. O resultado é um filme competente e sensível, mas que luta para encontrar sua voz.
Nos Seus Sonhos é um filme que entretém, emociona em alguns momentos e demonstra potencial de um estúdio que ainda está encontrando sua maturidade artística. Mas também é uma obra que se limita. A estrutura é conhecida, a fantasia poderia ser mais ousada, e o drama familiar poderia mergulhar mais fundo. A sensação final é a de um filme que tem coração e boas ideias, mas que evita arriscar, sempre se mantendo em um lugar seguro demais para alcançar o ápice emocional e narrativo ao qual parecia encaminhado.
Mesmo assim, deve entrar forte na disputa pelo Oscar. Não necessariamente por ser uma das animações mais marcantes do ano, mas porque a Netflix, historicamente, chega à temporada de premiações com força na categoria. Nos Seus Sonhos é derivado, mas também promissor. Imperfeito, mas envolvente. Um passo firme para o estúdio que o produziu e um lembrete de que, às vezes, até nos sonhos, crescer dói um pouco.