De Volta à Ação chegou com altas expectativas, sendo anunciado como o grande retorno de Cameron Diaz às telas após 11 anos de ausência. O filme, produzido pela Netflix, prometia explorar a química entre Diaz e Jamie Foxx, em uma narrativa que uniria ação e comédia com o selo de um dos serviços de streaming mais populares do mundo. Dirigido por Seth Gordon, conhecido pela série bem-recebida O Agente Noturno, o projeto parecia promissor, mas acabou entregando uma obra marcada por desconexões e problemas técnicos que comprometem a experiência.
A produção, que sofreu atrasos e enfrentou desafios nos bastidores, já indicava que o caminho não seria fácil. Cameron Diaz aceitou retornar aos holofotes graças à sua amizade com Jamie Foxx, mas o desconforto de voltar como protagonista em um dos filmes mais aguardados da Netflix é evidente. A atriz, outrora símbolo de carisma e energia em comédias dos anos 1990 e 2000, parece lutar contra a insegurança em várias cenas. Embora em alguns momentos ela resgate traços de seu charme característico, sua atuação é irregular e, em muitos trechos, falta sinergia com Foxx, que desempenha o papel de par romântico. A química entre os dois é praticamente inexistente, e o relacionamento de seus personagens não convence nem como casal, nem como amigos.
Os problemas nos bastidores extrapolaram para a tela. Jamie Foxx enfrentou sérias complicações de saúde durante as filmagens, incluindo um derrame que o deixou em coma. O impacto disso foi evidente na conclusão do filme, que precisou ser finalizada com dublês e montagem cuidadosa para disfarçar sua ausência. Contudo, a pós-produção não foi capaz de salvar o projeto. A edição é desastrosa, com cortes abruptos e erros de continuidade que chamam a atenção até para os espectadores menos atentos. Em cenas consecutivas, posições de mãos ou objetos mudam inexplicavelmente, evidenciando uma montagem apressada e desleixada. Esse descuido técnico compromete o ritmo do filme, criando uma experiência visual fragmentada e desconexa.
Narrativamente, De Volta à Ação é genérico e superficial. A trama se apoia em clichês e coincidências para avançar, sem oferecer profundidade ou desenvolver relações significativas entre os personagens. Conflitos familiares, como os entre mãe, filha e avó, são mal explorados, deixando a sensação de que são apenas elementos decorativos para a narrativa. O roteiro é repleto de furos e não apresenta nada de novo, baseando-se exclusivamente na promessa de um retorno triunfal de Cameron Diaz para atrair o público.
A direção de Seth Gordon é uma das maiores decepções do filme. Apesar de sua habilidade comprovada em projetos anteriores, aqui ele parece incapaz de lidar com os desafios impostos pela produção problemática. O filme carece de identidade e coesão, parecendo uma colcha de retalhos costurada às pressas. Nem mesmo o carisma de Jamie Foxx, que tenta trazer energia para as cenas, é suficiente para salvar o longa.
No final das contas, De Volta à Ação é um projeto que fracassa em praticamente todos os aspectos. Com uma direção enfraquecida, um roteiro genérico e problemas de produção evidentes, o filme não entrega o que prometeu. Cameron Diaz, infelizmente, não encontra terreno fértil para brilhar em seu retorno, enquanto Jamie Foxx, mesmo se esforçando, é prejudicado pela necessidade de uma montagem que tenta compensar sua ausência.
O filme serve como um lembrete de que grandes expectativas nem sempre resultam em grandes realizações. De Volta à Ação tinha o potencial de ser um evento marcante, mas acaba se tornando mais um título esquecível no vasto catálogo da Netflix.