Ao final de “Cha Cha Real Smooth: O Próximo Passo”, filme dirigido, escrito e estrelado por Cooper Raiff, eu fui invadida por uma sensação de melancolia. A tristeza pelo que poderia ter sido. O desânimo por, nem sempre, a vida corresponder àquilo que a gente espera dela. A certeza de que experiências como as que Andrew (Raiff), Domino (Dakota Johnson), e tantas outras personagens do filme vivem, são justamente aquelas que nos moldam como pessoas.
O filme é centrado na volta de Andrew, que tem 22 anos, à sua cidade natal, após a conclusão da faculdade. Sem conseguir se firmar, ainda, profissionalmente, ele vai se desenrolando em um emprego temporário e em outros bicos; ao mesmo tempo em que serve de referência ao irmão mais novo, David (Evan Assante).
Enquanto atua como animador dos bar mitzvah dos colegas de escola de seu irmão, o filme aprofunda o relacionamento que Andrew estabelece com Domino, que é a jovem mãe de Lola (Vanessa Burghardt), que é portadora de autismo. Embora foque na conexão existente entre todos eles, o que “Cha Cha Real Smooth” revela é que a nossa trajetória, na forma como ela se desenha para nós, exige a responsabilidade da gente tomar a decisão correta, o que nem sempre significará a nossa felicidade.
Por isso mesmo, o que faz de “Cha Cha Real Smooth” um filme especial é o seu caráter autêntico. A maneira como o filme apresenta a jornada desses personagens (que lidam com o medo, com a descoberta de sentimentos, a insegurança, a impetuosidade, o amadurecimento e o desejo de segurança) faz com que a gente se identifique imediatamente com cada um deles. Afinal, quem nunca teve que colocar a razão em prioridade, ao invés do coração?