O Homem Ideal: Críticas

A diretora Maria Scharader mira em algo que supera o romance e acerta na capacidade reflexiva do ser humano no que tange as relações. Além de instigante, repleto de momentos simbolicos e reflexivo, o filme é uma ótima pedida para àqueles que apreciam um bom filme de romance.

Qual a importância de um relacionamento? Para que serve a família? Está na hora de nós refletirmos sobre o rumo que a sociedade atual tomou e para onde ele nos levará.

Alma é uma mulher madura, divorciada e sem filhos, cujo foco está no trabalho. Tem pouco contato com a irmã, com quem se reveza para cuidar do pai que sofre de Alzheimer.

Com o intuito de levantar fundos para uma pesquisa, Alma concorda em participar de um programa experimental onde deverá conviver por três semanas com um androide programado para ser o seu parceiro ideal.

Diferentemente do que possa parecer, o filme é mais do que uma comédia romântica. Somos convidados a conhecer os dramas pessoais de uma pessoa que atingiu o sucesso profissional apenas para entender que isso não basta para preencher o vazio que todo ser humano traz consigo: somos um animal social e precisamos uns dos outros.

No primeiro ato somos expostos a uma enxurrada de críticas ao nosso estilo de vida atual: nós nos tornamos pessoas artificiais, falsas, em busca de prazer imediato e completamente despreparadas para lidar com os dissabores da vida.

É nesse contexto que Alma conhece Tom, seu robô feito sob medida: alto, bonito, cavalheiro e extremamente inteligente, parece exatamente o tipo de homem que Alma deseja – assim como a maioria das mulheres, senão todas – mas com quem ela se recusa a se relacionar pois sabe que ele não é humano.

O segundo ato nos convida a conhecer melhor a vida de Alma, que sofre com o término do casamento e que enxerga no pai com Alzheimer a si mesma, uma pessoa destinada a envelhecer sozinha, sem ninguém para cuidar de si.

Enquanto Alma sofre, Tom segue com seu propósito de aprender tudo sobre ela para se tornar o parceiro ideal e conquistar seu coração – não porque a ama, mas porque foi programado para fazer isso (qualquer semelhança com as redes sociais e seus algoritmos NÃO é mera coincidência).

Os pontos altos do filme são as atuações e a trilha sonora. Maren Eggert está muito bem no papel de Alma, segura, discreta e intensa como a personagem deve ser, e Dan Stevens é uma agradável surpresa: apesar de bastante humano, seu androide consegue nos lembrar o tempo todo que é, de fato, um robô.

O roteiro é bom, mas não tem originalidade. Essa discussão já foi proposta em filmes como Her e o filme pouco acrescenta ao tema. Morno do começo ao fim, poderia ter dado mais tempo de tela entre Alma e seu ex-marido, e teria se beneficiado de um maior aprofundamento no relacionamento entre Alma e Tom no terceiro ato.

Vale destacar também a direção de Maria Schrader. Com escolhas bastante acertadas na fotografia, na trilha sonora e principalmente na direção de câmera, somos imersos no universo do filme e acompanhamos cada cena como se fôssemos parte dela.

“O Homem Ideal” é a aposta dos alemães no Oscar mas, na minha opinião, não tem força para ganhar o prêmio. Ainda assim, o filme é bom e vale a pena principalmente pelas críticas que faz e pelo debate que propõe: aonde vamos parar se continuarmos substituindo a tecnologia pelos relacionamentos pessoais? Será que estamos prestes a perder aquilo que nos torna humanos?

O filme é até bom, mas o final estraga ele, fora que se apaixonou por um vibrador avançado, não sei não, mas achei o filme meia boca.