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    A Ostra e o Vento
    Média
    3,4
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    Valdeci C de Souza
    Valdeci C de Souza

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    2,5
    Enviada em 9 de fevereiro de 2012

    A Ostra e o Vento, com direção e roteiro de Walter Lima Jr. de imediato o filme captou minha atenção pelas belas imagens naturais de uma ilha e seu farol no topo da montanha. Resolvi então acompanhar a história já que a solidão de qualquer farol (e a vida da pessoa que nele vive) me fascina.
    José (Lima Duarte) é o responsável pela manutenção do farol e pai de Marcela (Sandra Leal) únicos habitantes do local. Suas vidas resumem-se em rotinas simples de manter em funcionamento o tal farol no topo da montanha. Marcela (apesar de seus poucos anos) cuida da alimentação, limpeza e outros pequenos afazeres domésticos enquanto seu pai fica responsável em fazer com que o farol ilumine a perigosa costa e assim evitar acidentes das embarcações que navegam nas imediações da ilha. Uma vida pacata e muito tranquila. É o que se supõe ao imaginarmos uma vida num lugar assim. Mas a solidão cobra um preço muito alto e José, com seu amor possessivo e autoritário, torna a vida da menina Marcela uma prisão ao não permitir que ela tenha contato com o continente ou com outros homens.
    No início do filme quatro marinheiros chegam à ilha para abastecê-la de suprimentos e a encontram deserta. O farol está quebrado e sujo de sangue. Ao percorrerem o local Daniel (Fernando Torres) encontra o diário da menina abandonado na praia. De imediato somos apresentados ao primeiro enigma do enredo: O que teria acontecido com José e Marcela? Com o desenrolar da trama outros enigmas vão surgindo e o espectador é convidado a raciocinar para descobrir a identidade e o paradeiro da mãe de Marcela. Onde ela está? Quem é Roberto e Saul?
    O interessante é que o filme não é linear e a narrativa utiliza-se de flashbacks para fazer com que o espectador fique sempre atento à história e assim poder solucionar os enigmas que estão espalhados pela ilha. Passado, presente e futuro se misturam a todo o momento e o mais interessante é a criatividade do roteiro em fazer os personagens contracenarem entre um tempo e outro na mesma cena. Marcela criança ainda contracena com ela própria aos 13... 14 anos e José, em certos momentos, está “dialogando” com ele próprio no passado/presente/futuro. Este truque inteligente é utilizado também com os quatro marinheiros que chegam à ilha para abastecê-la com suprimentos e a encontram deserta no início do filme. Para desvendar este mistério, o espectador é convidado a acompanhar o desenrolar desta investigação e descobrir a razão dos acontecimentos passados na ilha.
    Sandra Leal, em seu primeiro trabalho como atriz, dá um show de interpretação ao mostrar-nos uma jovem na flor da idade e descobrindo a sua sexualidade numa solidão sufocante e angustiante. Por não ter com quem compartilhar suas descobertas e amigos da sua idade a quem conversar encontra no vento uma companhia inusitada, mas constante. Daniel é a única pessoa que parece entendê-la e, nas poucas vezes em que se encontra na ilha, passa a ensiná-la e a fazer a ponte de ligação com o continente. Igualmente Pepe (Castrinho) outro marinheiro também é seu amigo e sempre lhe traz presentes. Mas estas amizades com os “adultos” não são suficientes para aplacar suas dúvidas e muito menos para satisfazer seus desejos de menina/moça que está sentindo aflorar a sexualidade.
    O filme prende a atenção do espectador na medida em que o coloca como um investigador dos acontecimentos e a atenção devem ser constantes já que tudo ocorre na forma dos flashbacks onde passado, presente e futuro se misturam. Interpretações soberbas de Lima Duarte, Fernando Torres e Sandra Leal fazem de A Ostra e o Vento um grande filme.  Além é claro da cenografia eficiente e verdadeira (quase minimalista), da fotografia magnífica e a trilha sonora na medida certa a emoldurar o silêncio e a solidão da ilha. O tempo aqui é outro e este vagar sem diálogos em cenas por vezes poéticas é emocionante.
     
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