O filme "Druk: Mais uma Rodada", dirigido e co-escrito por Thomas Vinterberg, gira em torno de uma situação ocorrida durante uma cena que ocorre no primeiro ato do longa. Quando, num jantar entre quatro amigos (Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang e Lars Ranthe), o tema da mesa passa a ser o consumo de bebida alcóolica, algo chama logo a a atenção: a teoria de um filósofo norueguês que recomenda que as pessoas elevem diariamente o teor alcóolico sanguíneo para 0,05% - equilibrando, assim, o déficit com o qual todos nascemos e fazendo com que o nosso corpo atue de uma melhor maneira durante o dia.
Para um homem como Martin (Mikkelsen), um professor de história que vive uma crise de meia idade, esta teoria soa muito atrativa. Qual mal faria tomar um pouco de álcool durante o dia, se isso fizesse com que ele se sentisse bem e recuperasse o prazer de viver, de trabalhar, de se relacionar com as pessoas? É assim que os quatro amigos decidem viver um experimento: colocar a teoria do filósofo norueguês em prática. A experiência promove mudanças significativas em todos eles. Porém, ao mesmo tempo, também traz efeitos negativos em seus relacionamentos pessoais.
Por isso mesmo, um dos elementos mais interessantes de "Druk: Mais uma Rodada" é a reflexão que o roteiro faz acerca do uso da bebida alcóolica como um prextexto para a quebra de barreiras e do gelo de situações desconfortáveis. A sensação de felicidade enebriante que os quatro amigos sentem é verdadeira? As mudanças percebidas advém da transformação íntima? Ou são somente um reflexo do uso da bebida?
Outras reflexões importantes que o filme faz dizem respeito ao limite da experiência que os quatro amigos vivem. Até onde eles chegarão? Até que ponto é saudável tomar uma taça de vinho/vodca/cerveja/etc. por dia sem que isso seja uma porta aberta para o alcoolismo?
Escrevendo desta forma, até parece que "Druk: Mais uma Rodada" é um filme sério. Mas, não. O longa trata sobre temas pesados de uma forma um tanto leve - méritos de uma direção competente por parte de Thomas Vinterberg e de uma atuação excelente de Mads Mikkelsen. Eu, por exemplo, não bebo e nem sou muito fã de bebidas alcóolicas, mas a perspectiva passada pela obra chama a atenção.
No final, prefiro me ater à positividade da mensagem final do filme: tentar perceber os pontos baixos da nossa vida com alegria, tendo o suporte da nossa rede de apoio, com a certeza de tudo de bom que ainda vai vir pela frente.