O nome do filme dirigido pelos irmãos Anthony Russo e Joe Russo é “Cherry - Inocência Perdida”, entretanto, após assisti-lo, não concordo com o subtítulo concedido pela tradução brasileira. Me parece que o destino que Cherry (interpretado por Tom Holland), o personagem principal, teve foi fruto de suas escolhas e da sua incapacidade de encarar os seus problemas.
Na forma como está estruturado, o roteiro escrito por Angela Russo-Ostot e por Jessica Goldberg (tendo como base o livro de autoria de Nico Walker) também tem a intenção de nos mostrar o protagonista como um produto do meio em que ele estava inserido. Só que isso não é alcançado pela dupla.
Quando entramos em contato com Cherry pela primeira vez, ele está na faculdade, agindo como um jovem comum. O encontro com Emily (Ciara Bravo), que se torna a sua namorada e, posteriormente, esposa dá a ele uma nova perspectiva, logo deixada de lado pela decisão que é o divisor de águas do filme. Após servir dois anos no Exército, em pleno Iraque, Cherry retorna para casa sofrendo de um forte estresse pós-traumático, que faz com que ele afunde a si mesmo e a sua esposa num vício em heroína. Para poder sustentar isso, Cherry entra num círculo sem fim de mentiras e de crimes, que levam ele e Emily ao fundo do poço.
"Cherry - Inocência Perdida" tem uma grande qualidade: a atuação de Tom Holland. Em vários momentos, o ator está até irreconhecível fisicamente, numa prova da sua entrega ao personagem. O filme foi feito sob medida para ele mostrar seus talentos - uma vez que toda a trama, como mencionamos, serve ao propósito da sua personagem. Uma pena que a história não conseguiu me envolver ou me causar uma grande empatia.