Antes que Tudo Desapareça: Críticas

Este aparentemente é um trash dos anos 70 filmado no Japão dos anos 2010 com orçamento de Trabalho de Conclusão de Curso. Só esqueceram de avisar o diretor, Kiyoshi Kurosawa, que inadvertidamente se empolga por duas horas e dez minutos e nos mostra momentos minimamente divertidos nessa história sobre uma invasão alienígena onde os aliens querem roubar os conceitos de nós (seja lá o que isso for), mas precisam de guias humanos para conseguir andar direito. Nada nessa história faz muito sentido, a não ser que precise fazer sentido em algum momento para conseguir continuar a história. Mas depois o sentido muda de novo. Dizem que os aliens, se nos invadirem, serão seres superiores a nós. E vendo este filme eles devem ser, mesmo. Pelo menos fazendo Cinema.

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Filmes fora do mainstream Hollywoodiano já são bons pela possibilidade de auto-análise que proporcionam: Percebemos o quão ficamos estranhados com uma forma narrativa diferente, atores de "outras" etnias e valores culturais diferentes a serem enaltecidos. Pois bem, Antes que Tudo Desapareça é uma oportunidade dessas, mas com um detalhe extra: Essa análise não é feita só por nós na poltrona, mas também pelos personagens do filme.
Logo nos deparamos com uma história típica dos filmes de terror, onde aliens tomam o corpo de três pessoas japonesas para dar início à invasão derradeira da Terra. Mas eles não estão aqui para matar nossos líderes, comer nossa carne, nem dissecar corpos. Eles querem nossa cultura, nossos "conceitos".
Propriedade, Trabalho, Eu, Amor. Eles estão aqui para entender o significado dessas palavras, que embora façam parte do senso comum são quase impossíveis de serem descritas com precisão. Logo, embarcamos na jornada dos alienígenas em estudo de nossa própria sociedade. O carisma de cada desses forasteiros é forte, e embora eles tenham uma missão genocida acabam conseguindo a parceria de humanos, e nossa simpatia.
O ritmo é arrastado para padrões ocidentais, a fluência entre diferentes gêneros (terror, comédia, ação) pode causar uma estranheza proposital, e as atitudes de certos personagens parece totalmente non-sense. Mas nada disso é defeito do filme, e sim nosso, moleques nutridos à enlatados americanos. Como disse antes, somos convocados a rever nossos conceitos sobre filmes, da mesma forma que os invasores esmiuçam os conceitos da cultura terrestre. Quase uma metalinguagem.
Pontos negativos são muitos, como efeitos especiais fracos, uma câmera excessivamente didática e atuações estranhas de alguns atores. Mas o que vale mesmo é a rica reflexão sobre o momento pelo qual nossa civilização passa, sem desbancar para um pessímismo exagerado. Como também a criatividade para fazer um filme sobre uma invasão extraterrena sem mostrar nenhum ser cinza ou naves espaciais bélicas. Porém, o final agridoce deixa muito a desejar, um improvisado happy end que dá até vergonha.