O Olho e a Faca: Críticas

(Insta: @cinemacrica)
A tradicional fórmula de convergir problemas profissionais e familiares é observável em "O Olho e a Faca". Nessa versão, o protagonista Roberto trabalha numa plataforma de exploração de petróleo. O convívio próximo e longo, inerente à natureza dessa operação, eleva as amizades dos funcionários para um afeto quase familiar. Entretanto, o jogo empresarial que também se faz presente, fragiliza essa base fraternal quando Roberto é promovido a gerência. Em terra, o protagonista é igualmente inábil em lidar com os conflitos familiares: filho adolescente com problemas de comportamento, esfriamento da relação com a esposa e rompimento do contato com o pai.
A decisão de estabelecer os conflitos numa base petrolífera confere um ânimo inicial. É uma operação que poucas pessoas conhecem e o diretor explora bem os ambientes. Outro recurso interessante é o sonoro. A mudança de cenários, por vezes, é acompanhada da abertura e minimização dos ruídos do maquinário da estação, é eficiente em reforçar o contexto espacial.
Apesar disso, os deslizes são mais pronunciados. A começar pelo conflito profissional. O trabalho empregado para fazer a transição do profissional anteriormente camarada para um gerente incapaz é superficial. Essa falta de credibilidade impacta toda a ramificação dramática subsequente. É tarefa árdua se compadecer do protagonista lidando com a rejeição dos colegas quando a imersão trágica inexiste.
O mesmo se aplica aos conflitos familiares. A rusga com o pai, além de não ter embasamento, é tratada com um descuido que torna a inserção inútil. O problemático filho adolescente comete desvios não muito distantes do que faz a média dos garotos nessa idade. O que também fragiliza o drama que o diretor busca extrair, tanto do pai, quanto da mãe.
Filme com transições superficiais e bases dramáticas extremamente rasas. Acho dispensável.