A Cidade do Futuro é uma bagunça narrativa que tenta juntar a história da transposição do Rio São Francisco com a mudança de geração e seus jovens bissexuais de relacionamento aberto. Ele usa habitantes da região como atores, e para fazer funcionar utiliza uma montagem que força a narrativa, além de composições que lembram o teatro. O teatro esquerdinha que infecta cada uma das escolas públicas. Não é uma história forte, mas possui uma direção primorosa. A dupla Cláudio Marques e Marília Hughes acertam em cheio na abordagem maniqueísta para evitar percebermos que não há atores presentes, mas é Cláudio, que assina o roteiro, que confunde tudo em um marasmo novelesco. O resultado é misto, mas pendendo para o fascinante, se entendermos os símbolos por trás da história. É um trio amoroso de gays que irá cuidar do bebê que chega em uma cidadezinha no interior da Bahia. Heitor será o nome dele. Ao sair da cabine dou de cara com a mãe (e “atriz”) e o pequeno Heitor, já grandinho, o que se torna mais estranho que a ficção. O filme é de 2016, e vai estrear apenas agora graças à eficiência de obras que não precisam de dinheiro pois foram patrocinadas pela Ancine (aka o seu dinheiro).
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