Sicario é uma espécie de versão 2.0 de Craffic, no entanto, a diferença central entre os dois filmes é que este aborda o espinhoso tema do tráfico de drogas nas fronteiras com muito mais maturidade e menos demagogia. É um retrato seco da realidade, é devastador e ao mesmo tempo libertador, a forma como o longa destrincha o tema, mostrando ao público que não há saída fácil para a violência incessante que o tráfico provoca. Embora a personagem principal(uma agente da SWAT, vivida com talento por Emily Blunt) se mostre passiva e inconstante demais, destoando das personagens femininas fortes do cinema recente, incomode, a profundidade com que o excelente roteiro a desenvolve nos faz relevar este equívoco. O resto do elenco é tudo muito inspirado, se Josh Brolin surpreende investindo em um papel pequeno, mas extremamente eficiente, é Benício Del Toro que rouba o filme com seu ambíguo e intenso Alejandro. O talentoso ator encontra o tom perfeito para o personagem, introspectivo, mas explosivo, sutil, mas brutal. Tecnicamente irrepreensível, Sicario surpreende com uma fotografia e direção de arte que praticamente se tornam personagens à parte, nos deixando ainda mais imersos na trama. O mesmo não pode ser dito da trilha sonara óbvia e nem um pouco empolgante, a direção de Villeneuve também não sai do lugar comum, se salva graças a excelente edição e fotografia inspirada de Roger Deakins. De resto, o plot já é de fato bastante batido, e tem longas que abordam o mesmo tema com tanto ou mais profundidade que este. Mas uns e outros probleminhas não tiram os(vários) méritos deste filme, que mesmo sem as qualidades citadas mais acima, se salvaria graças a trama instigante e elenco talentoso, que carregariam o filme por si só. Ótimo!