Marina: Crítica AdoroCinema

Marina começa sua ação na Itália, em 1948. Derrotado na Segunda Guerra Mundial, o país vive uma grave crise econômica que faz com que muitas pessoas procurem emprego em outras partes do mundo, inclusivo no Brasil. Diante deste cenário, países europeus iniciaram políticas para contratar trabalhadores para empregos mais duros, em que se paga mal e vive-se sem segurança.

Nesta conjuntura, um pai de família (Luigi Lo Cascio) deixa a Itália a caminho da Bélgica, onde passa a trabalhar em uma mina de carvão. Inicialmente, ele viveria dois anos lá e depois voltaria para sua esposa e dois filhos. Mas muda de ideia e decide levar toda família para terras belgas. Todos têm dificuldades de adaptação, em especial o filho Rocco (Cristiaan Campagna, quando jovem), que sonha em voltar para a Itália.

Os anos se passam. Rocco (agora vivido por Matteo Simoni) cresce e passa a perseguir uma carreira musical e uma paixão (Evelien Bosmans).

O Rocco do filme é ninguém menos que Rocco Granata, nome de muito sucesso na música italiana, conhecido pela canção "Marina", que dá nome ao longa. Trata-se de um personagem incrível, com uma história de vida que realmente cabe no cinema. Muito conhecido na Bélgica, Granata está longe de ser famoso no Brasil e no resto do mundo. Assim, o filme vale por contar uma história de persistência e superação que não era conhecida por todos.

Dirigido por Stijn Coninx e produzido pelos cultuadíssimos Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne, Marina conta com um trabalho impressionante de design de produção e figurino. Não trata-se de uma mega-produção, o que fica evidente com alguns cenários pobres, como a vila para onde a família começa a morar na Bélgica. Mas, por outro lado, compensa seus defeitos com uma narrativa sempre interessante e cativante.

Simoni tem uma bela atuação, assim como Lo Cascio e Donatella Finocchiaro, que vive a mãe da família. Evelien Bosmans não chega a se destacar, mas tem uma beleza jovial e um jeito sempre provocante que torna a personagem um atrativo. Outro destaque, é claro, é a trilha sonora. Não apenas "Marina" ficará na sua cabeça por algum tempo, mas várias outras cenas contam com belas canções.

Curiosidade: o próprio Rocco Granata faz uma participação especial no longa. Ele vive o senhor que vende um acordeão ao jovem Simoni.